Opinião

Centralismos!

Todas as forças políticas têm um sector (ou uma fação) centralista, sob o pretexto de uma agregação de recursos, visando criar dimensão que permita um investimento estrutural que estimule o tecido social para supostos desafios de maior dimensão. No nosso caso, e na maior parte das vezes, tendo como referência um Portugal ‘glorioso’, de outros tempos. O argumento mais utilizado é simples, “Importa criar riqueza para que possa ser distribuída”. Trata-se de uma ilusão de que os Açores poderão ser um exemplo claro desta corrosiva evidência.  É o primeiro passo para que muitos fiquem para trás!

É fácil perceber as tendências centralistas de um País “pequenino”, com dificuldades evidentes na alocação dos recursos disponíveis no combate, indispensável e necessário, às desigualdades sociais. De nada servem grandes objetivos e grandes empreendimentos, quando se dirigem somente a alguns ou quando a grande maioria em nada beneficia da sua implementação.

É neste contexto que, por mais consideração, que possamos ter, pelo atual Presidente do Governo dos Açores, não conseguimos perceber, de ânimo leve, que tenha cedido aos ímpetos centralistas, subjugando os Açores a uma ‘manta de retalhos governativa’, sem rumo, que se traduz num “ensaio” de governação pela governação, numa má gestão corrente, sem sentido de futuro.

Como se poderia esperar algo diferente, quando se tenta conciliar uma normalização da extrema direita, com um partido em vias de extinção, apadrinhados por um saudosismo bacoco que fere, todos os dias, os princípios e valores basilares da república. Isto sem uma pronúncia explícita, em devido tempo, do parlamento dos Açores, sob o falso argumento de uma ‘formalidade desnecessária’, como se um parlamento pudesse abdicar das formalidades e competências próprias que lhe são conferidas pela constituição.

Este “tubo de ensaio”, de cariz centralista, reúne as condições para correr mal, como está a acontecer. Como diz o povo, “o que nasce torto tarde ou nunca se endireita”.

Aproximam-se eleições autárquicas, já no próximo dia 26 de setembro. Têm uma natureza muito própria, sobretudo porque para além de um projeto de desenvolvimento implicam a escolha de representantes, de pessoas, que nos próximos anos ficarão encarregues de encontrar os consensos indispensáveis ao desenvolvimento das políticas locais, dos chamados “problemas menores” mas que para cada um assumem uma importância crucial na qualidade de vida que pretendem para si, para as suas famílias e para a comunidade.

As próximas eleições autárquicas realçam outra particularidade, que consideramos de especial relevância, a de conciliar os equilíbrios locais, de uma governação que interprete o sentido e o projeto das populações, promovendo o equilíbrio e a igualdade de oportunidades no tecido social, sem nunca esquecer uma dimensão global, que nos enquadre enquanto país e região, em síntese enquanto Povo.

Não poderemos faltar a esta votação! A participação conta! E muito!