Opinião

Despolitizar nomeando... e nomeando... e nomeando...

"Afinal o que importa não é ser novo e galante
Ele há tanta maneira de compor uma estante"
(Cesariny, 1972)

Há, de facto, pelos caminhos da liberdade democrática, quem se augure com o direito de tudo dizer no intuito, puro e simples, de ludibriar quem o ouve, exclusivo o propósito de lhe agradar. Se preciso for, e para que votos não se percam, chega-se ao inacreditável ponto de se desmentirem números e factos públicos, sem pejo nem dó. Essencial será mesmo uma secção de cosmética do argumentário, sempre pronta e oleada, sempre atenta para uma previsível e desenfreada entrada em campo, quais milagrosos elementos do departamento clínico de um qualquer clube futebolístico top, enfim, e naquele tão sempre arriscado sprint para os próprios. Não surtindo, ainda assim, o pretendido efeito, é dado lugar à imediata e veloz descida ao nono círculo do mais fundo inferno de Dante, célere e de mordaça na boca, para a incontornável submissão às torturas e pelo tempo necessário à confissão.

É esta a receita aplicada para a defesa do indefensável. É esta a receita aplicada para se contrariar a constatação da politização da administração pública por parte do atual Governo Regional. À incontrariável evidência de que é este o Governo Regional maior de sempre, de que é este o Governo Regional com o maior número de nomeações políticas de sempre em detrimento dos procedimentos por contratação pública, de que é este o Governo Regional que não tem qualquer espécie de problema em riscar oralmente aquilo que por escrito plasmou no seu próprio Programa bem como nos acordos de incidência parlamentar, pilar da atual estrutura governativa da nossa região autónoma.

A verdade é que são sensivelmente mais quatro milhões de euros acrescentados à despesa do erário público num comparativo com o Governo anterior, convictos os seus autores de que bem aplicados, como é evidente, dado que de dupla função, servindo, pois, os mais variados decanos possuidores do cartão policromático da coligação.

Afinal o que importa é ir estendendo os seus tentáculos pelos mais profundos meandros da administração pública, ainda que para tal necessário seja recorrer à troca de trabalhadores de cargos intermédios por altas patentes de nomeação política.

"Não é verdade, rapaz? E amanhã há bola

Antes de haver cinema madame blanche e parola"