I – Abstenção
Mais uma vez a abstenção foi, tristemente, o “partido” vencedor. Em Ponta Delgada, por exemplo, 56% dos eleitores inscritos não foram às urnas. No maior concelho dos Açores estavam inscritos nos cadernos eleitorais 65.200 eleitores e tivemos, apenas, 28.829 votantes. No cômputo geral, estavam inscritos na Região 229.065 eleitores e exerceram o seu direito apenas 124.109 votantes. Tivemos, por isso, mais de 100.000 mil eleitores que deram falta de comparência. Bem sei que os números constantes dos cadernos não correspondem à realidade, uma vez que uma região com menos de 250.000 mil pessoas não pode ter cerca de 229.000 eleitores! Mas, o problema é mais complexo e não de “mera” revisão dos cadernos eleitorais. É urgente, de uma vez por todas, um combate à abstenção consciente. Uma sociedade adulta tem de criar ferramentas para impedir que cada vez tenhamos mais jovens que pura e simplesmente não querem saber do dia mais “sagrado” da democracia. Fui delegado numa mesa de voto e falo com a memória fresca.
II
Vencedores
Há vários ângulos para analisar os vencedores de uma noite eleitoral. Tendo já eu próprio feito uma análise do número de votos, mandatos, câmaras e demais órgãos autárquicos e lido diversas outras elaboradas por cronistas simpatizantes ou afetos a outros quadrantes políticos, opto pelo dado mais objetivo: a presidência da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores. Ainda não é oficial, mas já corre por aí o nome do sucessor de Cristina Calisto. Refiro-me a José António Soares, Presidente reeleito da Câmara Municipal da Madalena. A confirmar-se este ou outro nome do “bloco da direita”, temos aí o maior vencedor das eleições. Outros também ganharam, mas há vitórias que não sabem a vitória!
III
Vencidos
Na sede do Partido Socialista, em Lisboa, consta registada numa parede a seguinte célebre frase de Mário Soares: “só é vencido quem desiste de lutar”. Da minha parte, que não vi reconhecido nas urnas o trabalho desenvolvido pelo Partido Socialista pelas ruas de São Sebastião (assembleia de freguesia), nem em todo o concelho (assembleia municipal), continuarei a lutar. Na Assembleia Municipal de Ponta Delgada, tal como no mandato 2005-2009 na Assembleia Municipal das Lajes do Pico, darei o melhor de mim para defender os legítimos interesses dos munícipes de Ponta Delgada. O PS, estou certo, ainda que a caminho de 32 anos de oposição na Câmara Municipal de Ponta Delgada, continua e continuará sempre fiel ao pensamento do seu símbolo e referência maior. Vamos à luta!