Incomodado. Não há como evitar dizê-lo. E bastante. O que se passa comigo?! Eu digo o que se passa comigo, o que me leva então a pensar isto. E afinal, é simples: não gosto de equipas que entram em campo no "corta para canto". E muito menos de entrar no jogo. Isto como primeiro foco, claro está, até porque, normalmente, quem recorre à tática, nunca se fica por aí. Aplica-lhe ainda, e sempre, os demais detalhes, incontornavelmente, para que não possa falhar. Quem entra a jogar assim, terá inevitavelmente também como segunda opção o "passa a bola, mas não passa o homem". E se ainda assim, se então o primeiro e segundo mandamentos não resultarem, há sempre o terceiro, tranquilos, numa espécie de "terceira dobra" que não permite falhanços, a machadada final, digamos assim - a tal vitória na secretaria (corrijo, peço desculpa, digo, na Secretaria).
No campo político Açoriano passa-se algo semelhante, porém, a meu ver, de contornos fantasticamente surreais. Então o que é? - perguntará a si mesmo o leitor. É que verdadeiramente único no planeta será assistir-se à equipa possuidora da bola a aplicar, desenfreadamente, tal tática, a tal dos três mandamentos, e não a equipa que a procura reconquistar. Se não é isto um jogo hilariantemente surreal, não sei então o que poderá ser mais. Os partidos que formam Governo, possuidores do esférico - adequando o texto à sempre agradável gíria futebolística - continuam a cortar para canto, a malhar nas canelas do adversário (que não tem bola, relembre-se) e a ver se ganham o jogo sem procurar marcar golos, ou seja, trocando isto por miúdos, procurando sempre levar à melhor, lá para os lados da secretaria (e lá estou eu outra vez, novo pedido de desculpas, o que eu quero mesmo é dizer Secretaria). Dava ou não dava um belo episódio dos Monty Python's?! A oposição ao Governo, neste caso o PS, procurando recuperar a bola através de permanentes desafios de conteúdos técnicos e/ou políticos, esperando, enfim, por explicações, esclarecimentos e troca de visões estratégicas para os problemas das nossas ilhas, para espanto geral (estou eu convencido), o que afinal obtém é então isto. Espetáculo! Muita bom!
Enfim... melhores dias virão! Vá, vá lá pessoal, vá lá trabalhar em prol do nosso futuro, e sempre que quiserem debater ideias que sirvam à melhoria das condições de vida dos Açorianos - até mesmo por aqui, pelos artigos de opinião do DI - pois então que peguemos em temas dignificantes dos lugares públicos ocupados. À falta de ideias, posso sempre relembrar, a título de exemplo, o mote lançado a 27 de agosto p.p., também por aqui, no Diário Insular, desmerecida que foi a sua importância: "E CADÊ A ESTRATÉGIA, SRA. SECRETÁRIA?"