Opinião

Censura

Na política, como, aliás, na vida, a solidariedade é devida e valorizada, sobretudo, nos momentos difíceis. Quando é fácil, não custa – nem é preciso – ser solidário. É por isso que as ausências do Presidente e do Vice-Presidente do Governo do debate relativo ao escandaloso processo das agendas mobilizadoras não podem deixar de ter significado político. Bolieiro e Artur Lima já tinham responsabilizado exclusivamente o Secretário Regional das Finanças pela trapalhada. Esta semana, evidenciaram qual o grau de coesão existente quando “o circo começa a pegar fogo”. Noutras circunstâncias, o omnipresente comentador Bastos e Silva já teria pedido a cabeça do Secretário Regional das Finanças ou, pelo menos, percebido os sinais evidentes do seu isolamento político e daí retirado as devidas ilações. A polémica e a forma como Bolieiro reagiu são reveladoras da falta de liderança do chefe do Governo. Em boa hora, se constitui, por isso, a comissão de inquérito parlamentar subscrita pelo PS, BE, PAN e IL. Perante a gravidade da situação, é fácil ver quem coloca em primeiro lugar os interesses regionais e quem se verga à cumplicidade imposta pela pura aritmética da sobrevivência política.