Opinião

Não é mesmo com vinagre que se apanham moscas...

Ainda à vista do cais, e já este navio deambula à deriva, procurando o seu rumo. Nem a chamada de muitas mais altas patentes à cabina do leme do Sistema Educativo Regional tem sido a solução suficiente para se encontrar o caminho a seguir, para se encontrar a melhor forma de organizar a nova vida a bordo, ou tão simplesmente, imagina-se, o porto pretendido de destino. Porém, nada que para o Partido Socialista dos Açores se apresente como surpreendente. Pois tal qual diz o povo, "quando nasce tordo, tarde ou nunca se endireita". E na verdade já nasceu tordo. Desde logo, com a própria orgânica desta Secretaria Regional, restringindo-me, por ora, a esta área governativa. Uma Secretaria que rapidamente se libertou do peso de outras áreas governativas que, ao longo destes últimos anos, têm trabalhado com a maior proximidade e debaixo do mesmo teto governativo: acultura, a formação, a ciência ou até mesmo o desporto. Em contrapartida, de um Diretor Regional de Educação se fizeram dois! E por aqui ficamos, sem mais comentários, sem mais descer na sua orgânica. Fiquemos então assim conversados. Posto isto, eis então um Programa de Governo. Lamentável. Desta área se falando, sem qualquer espécie de ideias, de inovação, de visão ou de rasgo. Enfim... folheando...avante e de caras com o Plano de Investimentos. A maior de todas as deceções tão simplesmente pelo seu escandaloso empobrecimento, contrariando de modo mensurável a sempre recorrente propaganda no que respeito diz à importância da Educação enquanto área governativa considerada fulcral. Resposta pronta da coligação: vossas excelências não se preocupem, pois será garantida uma execução muito próxima do aqui previsto! Pois bem, e até ver, mas a execução conhecida até à data, ronda os 14%. Também sobre isto, nada mais a acrescentar, me parece óbvio. Folheando uma vez mais e eis a grande bandeira: o novo regulamento de concurso de pessoal docente. A virtude de mais portas se abrirem aos nossos docentes, a isto se aplaude, pena é a gigantesca oportunidade perdida para que este navio acelerasse rumo ao seu destino de muitos e maiores sucessos. Em mãos, um documento que falha na promessa de resolver a precariedade, deixando apeados mais de 670 docentes, excluídos que foram do prometido. Um documento que desequilibra a distribuição de recursos por todas as ilhas e unidades orgânicas. Um documento que não prevê, a curto e a médio prazo, a preocupação de captação e fixação de docentes. Um regulamento ferido de injustiças e princípios. Ponto. E isto para por aqui ficarmos. Adiante e ao ProSucesso. Encomendado um estudo à Universidade dos Açores, um ano se esperou então para que este programa de sucesso pudesse avançar com as devidas e incontornáveis melhorias. Ou melhor, corrigindo, talvez mais se aguardando uma sentença, muito provável ideia alvo da coligação. Porém, e finalmente conhecido, chega-nos então um resumo de um apanhado de um pequeno conjunto de docentes (e por isso mesmo, nem este grupo representando), e ninguém mais ouvido, afinal, assumindo que foi pelos próprios autores de que mais não deu tão simplesmente por falta de tempo. Bom, ainda assim e apesar disso, adiantam-se reflexões conclusivas bem como uma série de recomendações. Note-se: todas elas no exclusivo sentido da melhoria, sem exclusões. E um remate: a clara assunção pelos mesmos de que as avaliações ao processo anteriormente feitas estavam corretas. Muito bem. Nem mais.
A proposta de um pacto. Ora vamos lá ser sérios, excelentíssimas senhoras e senhores da coligação: o PS encontra-se disponível (e sempre se encontrará, sem receio em dizê-lo) para que se trabalhe em prol do futuro dos Açorianos, afinal não é para outra coisa que aqui nos apresentamos, mas escutem lá, por favor, com toda a delicadeza e com muita, muita, muita atenção: não é mesmo com vinagre que se apanham moscas...