Muito ruído tem dado esta história das Agendas Mobilizadoras para os Açores. Tanto barulho resultante de uma corrente de críticas ao atual Governo Regional por parte de praticamente todas as Câmaras de Comércio da nossa Região, à exceção da Câmara de Comércio de Ponta Delgada, claro! Foram vários os agentes económicos que vieram publicamente condenar a forma como o Governo dos Açores tinha gerido este processo.
Mas não foi só, o Governo atual teve a grande capacidade de ser criticado por elementos do seu próprio Governo e por partidos de fazem parte desta coligação. É obra!
Foram tantas e tão fortes as críticas que José Manuel Bolieiro, como responsável máximo pela gestão do PRR nos Açores, fez a única coisa que sempre soube fazer enquanto político debaixo de críticas: desaparecer, não dizer nada, não fazer nada.
Mas neste caso foi muito pior: foi capaz de colocar o seu Governo debaixo de fogo, de sacrificar um dos seus elementos, de colocar sob suspeita dezenas de empresas e de empresários e de pôr em causa o bom nome da Região nas instituições europeias. Porquê e o que esconde José Manuel Boleiro?
Porque não deu ele a cara para defender um documento do qual ele é responsável? Porque deixou que se tentasse culpar tudo e todos durante vários dias para só depois do anúncio de uma Comissão de Inquérito vir dizer que o processo iria começar do zero? Que receios tem José Manuel Boleiro de todo este processo?
O Secretário das Finanças admitiu erros, mas diz que agiu de boa-fé. E mesmo assim o processo vai começar do zero, porquê? O Presidente do Governo não acredita na boa-fé do seu Secretário das Finanças? Perdeu a confiança no seu membro do Governo?
Muito há ainda a esclarecer e faltam muitas peças neste puzzle onde me parece haver muito poucas consciências tranquilas e isso é no mínimo estranho.
Até se torna assustador quando nos lembramos que são os estes intervenientes que estão a preparar aquele que porventura será o maior orçamento de sempre da Região Autónoma dos Açores.
(Crónica escrita para Rádio)