Opinião

Falta Moedas na gestão de Bolieiro

I

O XIII Governo dos Açores, “liderado” pelo Presidente José Manuel Bolieiro, está, com um ano de vida, em crise profunda. O ambiente no interior do executivo é de cortar à faca. Os governantes da Terceira, oriundos do mesmo partido, pouco mais do que se toleram. O outro governante, julgando-se presidente oficioso, anda em guerras e medições de força com diversos companheiros do conselho do governo. E ainda há aqueles que não sabem como foram ali parar e que apenas aguardam indicação para colocarem data e assinatura no documento que invoca as tradicionais razões pessoais para efeitos de cessação de funções. No meio do caos, em nome da justiça, cabe aqui deixar uma palavra ao Secretário Duarte Freitas. É, de longe, o membro mais capaz e mais hábil politicamente deste Governo. Mas, e voltando ao caos, assistimos a uma semana horribilis para Bolieiro e demais “companheiros” da manta de retalhos. Bolieiro, perante o agendamento de um debate de urgência na Assembleia Regional, decidiu deixar à sua sorte o Secretário das Finanças. Artur Lima fez o mesmo. E assim ficaram, durante muitas horas, duas cadeiras vazias na primeira fila do Governo no hemiciclo. O simbolismo, em política, é importantíssimo. Foi, deveras, penoso assistir à “agonia” do Secretário Bastos e Silva. Mas será que vai mesmo sair? Não sei. Mas uma coisa é certa: o recuo à casa de partida na trapalhada (escândalo?) das agendas mobilizadoras remeteram um “peso pesado” do governo para a categoria de “peso pino”. A mesma onde estão, infelizmente, quase todos os membros do XIII Governo. Com a agravante do “líder” ou não aparecer no ringue ou refugiar-se permanentemente nas cordas…

II

Carlos Moedas, recém-empossado Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, fez uma intervenção na respetiva cerimónia de posse que devia ser vista e revista por todos. Principalmente pelos agentes políticos e, dentro destes, aos aspirantes a generais. Moedas disse, com desarmante simplicidade, coisas óbvias para qualquer democrata. Começou por elogiar e enaltecer a forma de transição pacífica de poder que Fernando Medina, Presidente cessante, fez questão de liderar. Como referiu Moedas, trata-se de “alternância democrática”. A democracia é isto. Quem não obtém a maioria dos votos, em eleições autárquicas, passa o testemunho ao vencedor. Sem amuos, birras, truques ou procurações a terceiros. Neste contexto, Moedas fez questão de referenciar todos os seus antecessores. E após citar os respetivos nomes, afirmou o seguinte: “Hoje assinalamos um passado que tem de ser honrado e respeitado. Mas também antecipamos um futuro no qual chegará o dia em que – também nós – passaremos o testemunho." Isto é algo de extraordinário? Não, não é. Ou melhor, não devia ser. Mas a verdade é que vi e ouvi discursos, em várias paragens, que renegaram a história. Que apagaram 4, 8 ou até 12 anos na vida daqueles municípios. Temos, portanto, ainda um longo caminho a fazer para que os valores… básicos estejam sempre presentes! Como o texto já vai longo, a terminar, deixo apenas mais uma passagem do discurso. Moedas referiu algo essencial e que anda tão distante. Lembrou-nos que “as populações não podem ser tratadas como entes abstratos, ouvidos apenas de 4 em 4 anos (…).” Mais uma coisa óbvia, certo? Só falta mesmo é ser cumprida…