Opinião

Refém

Ainda não fez um ano e a atual solução governativa nos Açores parece próxima do estertor. A consciência de que o estado de graça chegou ao fim merece unanimidade e é, por todos, reconhecido. Depois de atropelar politicamente o Secretário Regional das Finanças e de, na prática, liquidar as agendas mobilizadoras, o Presidente do Governo vê-se, esta semana, pressionado pela exigência do Chega em realizar uma remodelação e a ameaça da IL de não aprovar o Orçamento para 2022. No meio deste molho de brócolos, um dos líderes da coligação, em mais um exercício exemplar de coesão, atira-se ao parceiro liberal e, em entrevista ao Diário Insular, diz deste o que o “Maomé não disse do toucinho”. À medida que o tempo passa, e o verniz se dissipa, resulta à evidência um chefe de governo preso entre o estado de negação e a síndrome de Estocolmo. No PSD, entretanto, cresce a convicção de que a única esperança para deixar de ser refém dos humores e apetites dos parceiros passa por ir, novamente, a eleições. Falta apenas arranjar um pretexto. Aguardemos, pois, os próximos capítulos de uma crise anunciada.