Uma das crónicas que já realizei foi sobre a importância que a realização de jornadas parlamentares têm no aprofundamento da relação entre os eleitos e os eleitores. Tendo tido o gosto de poder realizar estas visitas por todas as ilhas, posso testemunhar que são momentos de genuíno exercício da democracia que nunca deverão ser perdidos. É muito importante que estes contatos se mantenham para que cada um desempenhe com maior eficácia as suas responsabilidades.

Mas desta vez reservo esta crónica às visitas estatutárias que os Governos Regionais fazem, nomeadamente as que o atual Governo Regional está a realizar, por considerar de superior relevância a realização destas visitas e sobretudo o proveito para o povo que delas é retirado.

As visitas estatutárias consistem em fazer deslocar todo o Governo Regional a todas as ilhas açorianas pelo menos uma vez por ano e revestem-se de maior importância quando estas deslocações são realizadas a ilhas sem sedes de departamentos governamentais.

Considero haver aqui o cumprimento de um pilar da democracia que é o permanente aprofundamento da relação entre o povo e os políticos.

Mas infelizmente não é isso que tem acontecido. Este Governo Regional tem realizado visitas estatutárias enfiado numa bolha em que ninguém pode entrar, a não ser os previamente definidos.

Antes, em todas as visitas estatutárias, eram agendados momentos em que todos os membros do Governo recebiam a população e isso deixou de acontecer. Pura e simplesmente acabaram estes momentos. No meio da apregoada proximidade e do diálogo retirou-se ao povo a oportunidade de, aproveitando a presença dos membros do Governo na sua ilha, poderem expor pessoalmente os seus anseios e as suas preocupações.

Caros ouvintes, as atuais visitas estatutárias são mais um exemplo das enormes diferenças entre o proclamado e o praticado. Este Governo Regional, afastando o povo de si, nem dignifica o exercício das suas funções nem dignifica a própria democracia.

(Crónica escrita para Rádio)