Quem não sabe quem é o Zé Albino? Entre terceirenses o "José Albino" é uma das nossas mais afamadas ganadarias, mas não me refiro a essa. Refiro-me ao gatinho mais famoso da campanha eleitoral portuguesa. O bichano fofinho de Rui Rio.
À conta do bichano de Rio, ficamos a conhecer a Bala do IL, o Camões do Livre, e tivemos a grata satisfação de saber que a coelha Acácia do CH se encontra bem e de saúde. Tudo dados importantes para decidirmos o nosso sentido de voto. No fundo ficamos a conhecer e, vamos decidir, qual o animal (ou animais) que queremos a ocupar os jardins do Palácio de São Bento.
Mas hoje em política nada acontece por acaso. O felino entra em campo para ser um efetivo protagonista desta campanha. Foram, ao longo dos últimos dias, dadas a conhecer as várias façanhas do Zé, sendo a mais importante a de calibrar (esconder) aspetos de caráter ou personalidade de RuiRio, desde logo, o fato de ser conhecido como autoritário.
De forma desajeitada, Rosa Mota referiu que Rio se comporta como um "nazizinho". Mas outros, como o jornalista Bernardo Ferrão e o advogado José Miguel Júdice, trouxeram para o debate esse traço de personalidade e afirmaram que a forma de atuação, passada e presente, de Rio confirma essa caraterística: é autoritário.
O Zé é fofo e tem sentido de humor. Representa tudo aquilo que os portugueses precisamente nestes dias difíceis. Dias em que estamos fartos de tudo. Fartos de políticos que falam, falam mas não se entendem. Fartos desta pandemia. Cansados das máscaras. Desesperados com tanto distanciamento e isolamento. Por tudo isso, nada melhor que um gatinho bem tratado, tranquilo e engraçado.
Mas não se iludam. O gatinho não é igual ao dono. Aliás o gatinho aparenta tudo o que o dono não é. Porque uma coisa é ter humor, outra é ser desbocado e, dizer umas graçolas, para animar a malta. Uma é ser sensato e equilibrado, outra é ser equilibrista e não se comprometer. Uma é ser meigo, outra é ser lobo com pele de cordeiro e esconder as suas verdadeiras intenções.
O felino fofo, plácido e espirituoso representa o que Rio quer fazer passar ao povo que é, não sendo.
Não podia concordar mais! Nos dias que correm, o humor e uma boa gargalhada são indispensáveis, até para a nossa sanidade mental. E faz-se muito bom humor em Portugal, tendo por matéria-prima os políticos e a política. E os dias de campanha eleitoral são terreno fértil para os verdadeiros humoristas. Humor com qualidade ajuda-nos a formar opinião com boa disposição.
No meio disto tudo, quase no fim da campanha eleitoral, há coisas que ficam muito claras: os portugueses não queriam eleições. E estou certa de que no próximo domingo os portugueses vão dizer que querem que os políticos se entendam e encontrem uma solução estável para Governar o país.
À direita todos dizem que com o Chega não negoceiam. Todas as sondagens indicam que o Chega está a crescer e que, pelo número de deputados que se prevê, que venham a eleger o partido será imprescindível a uma solução governativa estável à direita. Portanto, das duas uma: ou mentem e negoceiam com o Chega e teremos um partido xenófobo e racista no Governo do país, ou dizem a verdade e não negoceiam, não estando ao alcance do PSD uma solução governativa estável.
Não se deixem enganar pelo Zé. O Zé é só o gato... e gato que mia: não engana.