I - No País
Os eleitores “falaram”. A pronúncia, como sempre, foi sábia. As eleições não se decidem em debates. Nem em sondagens. E muito menos em estúdios de televisão. É nas urnas! E aí, contra todas as especializadas e isentas projeções e opiniões, surgiu alegadamente uma grande surpresa. O PS, no poder há 6 anos, estava desgastado. Já se falava inclusivamente na sucessão de Costa. Os ventos, soprados diariamente por analistas “isentos”, empurravam uns para cima e outros para baixo. E os eleitores – a tal maioria silenciosa e sem qualquer palco mediático – o que decidiram? Pensando, como sempre, pelas próprias cabeças, deram uma prova inequívoca de qual o caminho que queriam seguir. A escolha recaiu na estabilidade, segurança e confiança que o PS e António Costa representam. O país (território continental) ficou, pela primeira vez, pintado exclusivamente de rosa. Uma onda rosa varreu o país de norte a sul. Nem Cavaco, com maiorias mais absolutas, nem Sócrates, num contexto mais propício, conseguiram tal façanha. Mas esta vitória inequívoca do PS, conseguida muito à boleia do “haraquíri” do BE e PCP no chumbo do orçamento, deixou um elefante na sala. Esse elefante aproveitou a fraca prestação do PSD e o desaparecimento do CDS/PP para ganhar uma dimensão preocupante. Doze mandatos é a dimensão do Chega. A 3.ª força política mais votada! É verdade que isso resultou do voto dos eleitores. Mas também é verdade que a dimensão que o Chega atingiu convida a uma profunda reflexão de todos os democratas. Da esquerda à direita. O PS, com a maioria obtida, tem aqui uma das suas principais missões. Tal como afirmou Costa, é preciso tudo fazer para garantir que o que André Ventura representa “não passará”!
II- Nos Açores
O veredicto nos Açores também foi inequívoco. A onda rosa também passou por cá. O PS, resultante da vontade de cerca de 36 mil eleitores, ganhou em 8 ilhas e 18 concelhos. O pleno ficou à distância de cerca de 80 votos no Faial. Foi, portanto, um resultado histórico para o PS/Açores, para Vasco Cordeiro e para a extraordinária lista de candidatos (de Santa Maria ao Corvo) e respetivo projeto com que o PS se apresentou a sufrágio. Mas, acima de tudo, foi uma vitória que tem um nome e um rosto: Francisco César. É inegável o mérito do cabeça de lista no resultado final. Não há muito tempo li um artigo de opinião do Presidente Mota Amaral, talvez induzido por contos de sereias de protagonistas da AD, onde era colocada a possibilidade da AD conseguir 4 mandatos e o PS apenas 1. Era disto que se falava. Havia uma grande euforia nos mentores da AD. Bolieiro, aquando do anúncio desta, referiu que “A nossa causa é obviamente a consolidação deste projeto político de governação dos Açores também na sua defesa nacional através da participação desse projeto político na Assembleia da República”. No discurso da noite eleitoral, confrontado com as suas anteriores palavras, respondeu assim: “Fragilização do projeto político [o resultado eleitoral] não representa. O povo sabe distinguir qual o ato eleitoral em causa. O importante é que os eleitos defendam os Açores na AR.” Perante esta habilidadezinha, lembrei-me das autárquicas. Sabem o que disse, então, um sorridente Bolieiro? Referiu que os resultados das eleições “fortalecem a coesão” do Governo Regional da coligação PSD/CDS-PP/PPM, alegando que os açorianos reconheceram que uma “solução de governo plural funciona”. Então e agora…?