Há quatro observações que gostava de partilhar convosco como rescaldo destas eleições legislativas nacionais.

Em primeiro lugar, realçar como positiva a clareza da escolha que o povo fez nas urnas no passado domingo. O povo, quer no Continente quer nos Açores, foi muito claro na resposta que deu numa situação de instabilidade governativa. O povo mostrou bem que não deseja soluções que não tragam estabilidade a uma governação.               

Em segundo lugar, e no seguimento da minha última crónica, acho relevante realçar que o Partido Socialista dos Açores, perante mais uma campanha em que estavam todos contra ele, conseguiu vencer em dezoito dos dezanove Concelhos dos Açores. Ou seja, tal como já disse aqui uma vez, o PS, eleitoralmente continua a merecer mais confiança dos açorianos que os outros juntos.

Em terceiro lugar, parece-me também relevante o fato do CDS-PP não ter elegido qualquer Deputado. Foi por culpa própria, é certo, mas não deixa de ser preocupante ver um partido como o CDS-PP desaparecer da Assembleia da República perdendo votos para alguns partidos que eles próprios, pela sua fraca ou pura inação, ajudaram a crescer.

Por último, apesar destas serem eleições para a Assembleia da República, o Açores concorrem num círculo eleitoral próprio e as candidaturas pelo círculo dos Açores criam o seu próprio manifesto eleitoral. Por isso, não é pouco relevante que o projeto apresentado nestas eleições por parte da coligação entre o PSD, o CDS-PP e o PPM, a mesma que governa os Açores, tenha tido um resultado mais baixo do que tiveram separados em 2019. Ou seja, segundo as suas próprias palavras, a tentativa de utilização destas eleições para legitimar nas urnas esta solução de Governo nos Açores falhou e nisso eu acho que o povo também foi muito claro.

(Crónica escrita para Rádio)