Opinião

Desporto para Todos - é necessário apoio e incentivo do Governo Regional

Todos sabemos que a promoção da atividade física e desportiva é fundamental para as crianças e os jovens, considerando que é nesta fase da vida que se adquirem as bases da sua literacia motora e adotam hábitos e estilos de vida saudáveis.
Ao passo que nos últimos anos esta área mereceu a devida e necessária atenção, no que concerne ao desporto para crianças e jovens, o que se verifica é que este ano houve um corte de 8% nas verbas destinadas à promoção da literacia motora, nomeadamente, nas Escolinhas do Desporto.
A promoção da literacia motora cria perspetivas e estimula para a atividade física, o desporto e a vida quotidiana, proporcionando-se o ambiente certo para que crianças e jovens aprendam os fundamentos do movimento, as determinantes da condição motora e das competências desportivas.
Assim, não se compreende o desinvestimento realizado, bem como não se compreende a eliminação da ação destinada à atividade física para jovens, direcionada ao apoio à atividade física organizada e devidamente enquadrada de jovens.
São práticas que contrariam a evolução verificada na Região e que surgem em contraciclo com a prática nacional e internacional.
Esta segunda-feira, teve início o Programa Nacional de Desporto para Todos com o intuito de promover a generalização da prática desportiva.
O Programa Nacional de Desporto foi elaborado de acordo com as orientações internacionais do movimento "Desporto para Todos" e adotou o conceito constante na "Carta Europeia do Desporto", na qual o Desporto é entendido como "todas as formas de atividades físicas que, através de uma participação organizada ou não, têm por objetivo a expressão ou a melhoria da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de resultados na competição a todos os níveis".
Este programa constitui-se como uma medida estrutural que visa apoiar programas de desenvolvimento desportivo que promovam a generalização da prática desportiva de âmbito informal, recreativa ou competitiva (não federada), entendida como uma atividade determinante na formação e no desenvolvimento integral dos cidadãos e da promoção da inclusão pelo Desporto.
Destina-se a apoiar entidades públicas ou privadas, sem fins lucrativos, que tenham no seu objeto a promoção e o desenvolvimento da prática desportiva, contando para tal com uma verba de 1,65 milhões de euros.
Neste programa será valorizada a parceria ou ligação com a comunidade educativa local, no âmbito do plano de recuperação de aprendizagens "Plano 21/23 Escola+".
Pretende-se assim, aproximar as escolas da comunidade e potenciar a interação do aluno com valências exteriores, concorrendo para o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, através de dinâmicas de educação não formal.
As instituições candidatas que neste ano obtenham o "Selo Estudante-Atleta" poderão ver, no ano seguinte, as suas candidaturas ao Programa Nacional de Desporto para Todos majoradas.
Esta é uma iniciativa do Governo da República que se saúda.
Por cá, os sinais dados pela governação regional são contrários e preocupantes.
É necessário apoiar e incentivar a atividade regular dos clubes desportivos que desenvolvem atividades de treino e competição dos escalões de formação, incluindo o apoio aos coordenadores da formação.
É necessário apoiar e incentivar as atividades associativas de âmbito local, regional e nacional, arbitragem e outras do programa anual das associações desportivas ou clubes que desempenhem essas funções, bem como também apoiar a estrutura técnica associativa, a formação formal de agentes desportivos não praticantes, a atribuição de prémios de classificação inerentes às participações nas respetivas provas nacionais, sem esquecer o desporto para pessoas portadoras de deficiência quando integradas nas estruturas associativas.
É necessário apoiar e incentivar a participação de clubes em quadros competitivos de regularidade anual, regionais, nacionais, internacionais e séries Açores, bem como apoiar a utilização de atletas formados nos Açores, a contratação de treinadores qualificados e a atribuição de prémios de classificação.
É necessário apoiar e incentivar os atletas regionais, no âmbito do Alto Rendimento, os jovens talentos regionais e projetos de preparação especiais, visando representações olímpicas ou paralímpicas, numa perspetiva de promoção da excelência desportiva como até aqui se fez ao longo dos últimos anos.
É, por isso, necessário e exigível fazer diferente e melhor, numa verdadeira perspetiva de Desporto para Todos.