Quer por extração selvagem dos recursos naturais, pelos conflitos entre Estados ou pelos custos e monopólios de uns países no fornecimento de gás e petróleo, estes seriam motivos prementes na procura de soluções energéticas limpas. Porém, continuamos lentos no avanço.
Do que precisamos para avançar? De um corte de energia global?
Contrariamente ao futuro do novo paradigma energético europeu, por cá o PO Açores 2030 no campo da produção de energia limpa tem um beneficiário ativo: a EDA. As famílias e as empresas ainda não são vistas como parceiros, mas sim apenas como utilizadores que se fecham no seu ciclo produtivo. Esta opção é um erro.
Comunidades de energia
As comunidades de energia renovável prometem democratizar o acesso à energia limpa e aos seus benefícios sociais e ambientais e simultaneamente mitigar o flagelo da pobreza energética.
Complementaridade entre a produção central de energia, a energia de proximidade e a flexibilidade, e com “novos protagonistas: cidadãos, comunidades e empresas que poderão produzir a sua própria energia, nas suas casas, lojas, escritórios ou outros edifícios de forma mais sustentável, e podem, inclusivamente, partilhá-la entre si”. Os edifícios são partes ativas do novo sistema, irão produzir, consumir, armazenar, distribuir e gerir.
Ir para além de utilizadores que se fecham no seu ciclo produtivo
A semana passada o parlamento apreciou uma proposta do Governo para atribuição de incentivos à aquisição de painéis fotovoltaicos que poderia ser evolutiva e revolucionária - a intenção era boa, o modo de a concretizar não. Ao invés ficou fechada nos seus erros e omissões – com intervenções da maioria dos deputados que foram mais técnicos do que políticos. Uma proposta que olha para os cidadãos apenas como utilizadores de energia que se fecham no seu ciclo produtivo. Uma proposta que não distingue investimento afeto às empresas e famílias, e não se afigura como garante do combate à pobreza energética, onde Portugal na lista dos 28 países está em 25º lugar, e não contribui para a modificação energética nas empresas. Este caminho é um erro e que, espero ter sido evitado, pelo voto a favor da proposta da “baixa” à comissão pelo PS, aprovada pelo BE, PAN e CHEGA, para melhor análise e quero crer para uma transformação profunda.
A independência energética combate a pobreza energética. A dependência energética aumenta a riqueza e não é daqueles que engrossam a fila da pobreza energética.