“A liderança é necessária para ajudar as pessoas a irem de onde estão para onde nunca estiveram e, às vezes, onde nem se imaginam ir. Sem liderança, as instituições ficam à deriva”. O alerta é do quase centenário Henry Kissinger e - num contexto em que muitos líderes preferem gerir as circunstâncias em vez de agir para as modificar - faz todo o sentido. O problema da liderança convoca inevitavelmente o confronto entre a coragem e o politicamente correto. Entre o que é necessário fazer e o que efetivamente se faz. É o combate entre o ser e o parecer. Entre a vontade de mudar verdadeiramente e a necessidade de mudar alguma coisa para que, na prática, tudo fique na mesma. Uma e outra, não são a mesma coisa. A primeira resulta da convicção num rumo estratégico, o qual, obviamente, não agradará a todos e, por certo, colidirá com alguns interesses instalados. A segunda é apenas um jogo de espelhos que visa, em última análise, a manutenção do status quo. Talvez, também isto ajude a explicar porque razão a confiança dos cidadãos nas instituições é fundamental para a saúde das democracias, conforme se infere do mais recente estudo da OCDE.