Opinião

Matriosca

A direita açoriana assemelha-se hoje à célebre boneca russa. Do maior (PSD) para o mais pequeno (PPM), são vários os vínculos. Parte do CDS regional é dissidente do PSD. O PPM - que não realiza congressos e do qual não se conhecem outros dirigentes regionais - é uma espécie de satélite do CDS, como evidencia a siamesa cumplicidade entre Lima e Estevão. O Chega, no País e na Região, alimenta-se, sobretudo, daqueles que, por alguma razão, não tiveram oportunidade – ou espaço - para singrar no PSD. Já a Iniciativa Liberal, como é sabido, tem como líder um antigo dirigente do CDS. No conjunto, disputam um espaço político que vai da extrema-direita à direita moderada e professam, sem exceção, um pragmatismo que, no limite, os torna interdependentes e, cada vez mais, indistintos entre si. É, por isso, que hoje nos Açores votar no PSD, no Chega, no CDS, no PPM ou na IL é, praticamente, a mesma coisa. Ainda assim, os cinco vivem dilemas diferentes. O do PSD é a notória perda de identidade. A IL e o Chega anseiam substituir o CDS e o PPM e receiam o voto útil. Estes dois últimos já só querem que isto aguente para não caírem na irrelevância política.