Opinião

Vida(s)

"A vida de qualquer homem termina da mesma maneira. São os detalhes de como ele viveu e como morreu que distinguem um homem do outro".

Ocorreu-me esta frase de Hemingway a propósito do I Congresso dos Jornalistas dos Açores, a cuja sessão de abertura tive o privilégio de assistir em representação do GPPS/Açores.

Gosto de pessoas. Gosto de notícias. Talvez, por isso, tenho especial admiração e respeito pelos jornalistas, pelo seu profissionalismo, por todos os dias darem notícia do que acontece aqui, numa das nossas 9 ilhas, ou algures no mundo.

Contar histórias com precisão e detalhe através da reportagem, capturar a realidade e os detalhes da vida vivida, dar voz às pessoas, era assim que Hemingway, reputado repórter de guerra e mundialmente conhecido, via o jornalismo.

Acrescente-se a esta ideia a tenacidade de um espírito crítico, por ser essa a única maneira de exercer o jornalismo em consciência, como defende Mário Mesquita em “O Estranho Dever do Cepticismo”.

Mário Mesquita, referência maior do Jornalismo e justamente homenageado neste Congresso pelos seus pares.

Mas, apesar de todo o encantamento com que tantas vezes esta atividade profissional é vista, são muitas as dificuldades e agruras que os seus profissionais enfrentam. São, também, muitas as vezes que em contextos adversos arriscam a vida para que os factos das realidades vividas sejam conhecidos.

E porque hoje é Dia do Trabalhador é, igualmente, oportuno dar nota de algumas das muitas preocupações e desafios que estes profissionais enfrentam na Região:

A falta de recursos humanos nas redações, especialmente de jornalistas qualificados e experientes bem como a precariedade das suas condições de trabalho, que passam por baixos salários e fracos recursos materiais e equipamentos para as suas funções, ainda que isso tenha vindo a melhorar nos anos recentes.

A quebra de receitas publicitárias e apoios públicos que põe em risco a sustentabilidade do setor.

Refira-se que este Governo e os partidos que o sustentam prometeram criar um programa de apoio à comunicação social para substituir o PROMEDIA. O Governo chegou a comunicar que em 2023 não haveria PROMEDIA mas, face à pressão dos Órgãos de Comunicação Social, deliberou à 25ª hora avançar com as candidaturas para o ano 2023, durante um muito curto prazo de tempo. O que é certo é que não há qualquer nota pública desse novo diploma decorridos que estão 2 anos e meio de legislatura.

Rejeitar a influência de poderes políticos e económicos na imprensa por forma a salvaguardar o pluralismo e a liberdade de imprensa, porquanto, um Jornalismo forte fortalece a Democracia.

Acompanhar a rápida evolução das tecnologias digitais, como a Inteligência Artificial, e investir na formação e capacitação profissional.

No atual contexto de redes sociais e de circulação de informação à velocidade da luz, os jornalistas devem ser paladinos e garante da informação fiável e relevante por oposição às Fake News.

E, naturalmente, exercer a atividade com Deontologia porque a informação pública deve ser acessível e transparente, isenta e imparcial. O Jornalismo também é serviço público e não pode ser confundido com opinião.

Por fim, cabe a todos e a cada um de nós que os princípios e valores que o Dia do Trabalhador assinala, cuja celebração no nosso país só se iniciou após o 25 de abril de 1974, se fortaleçam e se reflitam no dia a dia de todos os trabalhadores, independentemente do setor de atividade. Compromisso em que o Partido Socialista se tem empenhado, como é bom exemplo a concretização da Agenda do Trabalho Digno e cujas alterações ao Código do Trabalho e legislação conexa entram hoje em vigor.