Opinião

Sem estratégia

Após 4 anos de governação, o Setor Público Empresarial Regional (SPER) acumula prejuízos, atrasa pagamentos e não apresenta qualquer tipo de estratégia para a produção eficiente de bens ou serviços públicos. Essa podia ser uma questão de conjuntura, mas não é. Não faltam maus exemplos da péssima situação em que se encontra o setor, o que penaliza gravemente os cidadãos.

A ideia com que se fica é de que o Governo está instalado, quase paralisado, sem ideias e entusiasmo para a resolução dos problemas, como se não soubesse o que fazer com estas empresas. Na SATA, por exemplo, além dos elevadíssimos prejuízos (superiores aos dos 4 anos anteriores), já assistimos à mudança de 3 Presidentes; à criação de rotas novas sem critério; à gestão dos ACMIS (aluguer de aeronaves com tripulações) ao desbarato e a 3 estratégias de gestão distintas para o futuro da empresa. No que respeita à privatização, as intenções variam conforme o membro do Governo, enquanto não se responde à possibilidade avançada pelo PS de fazer um pacto de regime para consensualizar posições e garantir futuro para a empresa!

No IROA, já vamos no terceiro presidente; nos hospitais públicos, a situação não é melhor. Veja-se quantas foram as mudanças na administração do HDES, sempre em resultado de discórdias e incompatibilidades, com tudo e com todos; no HSEIT, seguimos pelo mesmo caminho, dando-se o caso de estar sem presidente; na Portos Açores, já vão três presidentes; na Atlanticoline, também e, por incrível que pareça, a EDA segue o mesmo rumo.

Não há SPER que resista, quando 12 das empresas públicas mais importantes tiveram nestes últimos 4 anos, cerca de 30 presidentes de Conselho de Administração.

De modo que, abstendo-me de (por agora) comentar os resultados dessas empresas, o que se exige é que as administrações do SPER passem a ser escolhidas em função de uma avaliação vinculativa, criteriosa e independente, realizada por uma comissão de recrutamento dependente do Parlamento, eleita por dois terços. Nada de novo, é exatamente assim, que é feito na República.

De outra forma, e a manter-se este vai e vem de administrações, muitas delas escolhidas pelo próprio Presidente do Governo, nada disto mudará e o que continuará é o desastre absoluto.

Diz o Povo que “amigos, amigos…negócios à parte.” É o caso.