Já como dizia o velho ditado popular: errar é humano, mas persistir no erro é diabólico ou poderá ser o resultado de uma teimosia incompreensível para a maioria dos cidadãos.
Queremos hoje vos falar de um assunto que já fez correr muita tinta nos órgãos da comunicação social mas que, apesar de tudo, continua actual por estar longe de alcançar um final feliz. Falamos das alterações levadas, há tempos, a efeito na Rua dos Mercadores, por iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Como certamente se recordarão, aquela velha artéria citadina foi alvo de obras de repavimentação, tendo sido retirados os passeios destinados a peões, de ambos os lados da rua. Após a referida intervenção a Rua dos Mercadores ficou com características de uma via unicamente destinada aos peões. Contrariamente ao expectável e tendo em vista agradar a gregos e a troianos, face às posições divergentes dos comerciantes, a nossa edilidade, em vez de assumir uma posição livre e independente, correndo o risco de ter de enfrentar o desagrado de alguns, decidiu-se pelo mais fácil, ou seja, manter a rua sem passeios e permitir a circulação de veículos automóveis.
O resultado de tão inconsistente e infundamentada decisão foi o que qualquer cidadão – mesmo sem ser perito na matéria – facilmente anteveria. A insegurança das pessoas é constante, pois face às características da rua, os transeuntes facilmente são levados a circular como se o espaço fosse exclusivo dos peões. Felizmente, ainda não houve atropelamentos com gravidade, mas inúmeras pessoas que circulam a pé e até mesmo os automobilistas têm apanhado inúmeros sustos.
É de referir ainda que, apesar da existência do sinal de trânsito que proíbe a paragem e estacionamento de veículos, é normal verificar que estão ali, quase permanentemente, paradas inúmeras viaturas ligeiras, para além dos camiões e carrinhas que procedem a cargas e descargas de mercadoria a qualquer hora do dia, empurrando os peões para o meio da rua e colocando-os perante o perigo de um atropelamento de consequências imprevisíveis.
Ainda no passado sábado, passamos por lá por três vezes entre as 10 e as 12 horas e 30, tendo verificado da primeira vez, nove viaturas estacionadas, da segunda sete e da terceira onze.
Certamente, trata-se de falta de civismo por parte de quem prevarica e não cumpre a lei mas, para esses cidadãos infractores só existe uma forma de entenderem que o interesse colectivo se sobrepõe ao pessoal. Há que actuar de uma forma pedagógica, alertando-os para o dever de respeitar a lei e, após um período razoável passar a agir de forma coerciva, ou seja, aplicando as penalidades previstas no Código de Estrada.
Apetece-nos perguntar e perguntamos: - Aonde pára a Polícia Municipal? Não seria uma boa ideia manter em permanência um agente naquela rua, pelo menos durante as horas de funcionamento dois estabelecimentos comerciais ali existentes?
Perguntamos ainda se será mais necessária a presença dos agentes da autoridade municipal na Rotunda da Avenida Príncipe do Mónaco a ver passar os carros ou estar a disciplinar a circulação e estacionamento na Rua dos Mercadores?
A resposta é óbvia, esperemos que a autarquia seja capaz de ter a coragem necessária para proibir a circulação de veículos automóveis naquela rua ou, ao menos, ponha em prática a tão propalada acção pedagógica da Polícia Municipal e faça cumprir a postura de trânsito que a mesma Câmara criou.