Opinião

Vamos falar verdade!

A minha geração, que é a mesma da líder do PSD, Berta Cabral, foi educada com a máxima de que devemos sempre falar a verdade. Em casa, na escola e na igreja, ouvíamos repetidamente que a verdade vem sempre ao de cima, que é muito feio mentir, que quem mente vai paro o inferno ou quem mente, sujeita-se a que a língua seja barrada de pimenta malagueta. No passado 02 de Abril, dia subsequente ao das mentiras, Berta Cabral aproveitou uma cerimónia das comemorações da elevação de Ponta Delgada a cidade, para anunciar ao mundo a assinatura de um protocolo com a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada com vista à revitalização do centro histórico. O protocolo a assinar com o organismo que representa o cada vez mais reduzido número de comerciantes do centro histórico de Ponta Delgada, segundo Berta Cabral, envolveria um investimento global superior a 600 mil euros. Está dito: seiscentos mil euros para o comércio tradicional! Mas, passado um mês, e para espanto de todos nós, o Presidente da Associação dos Comerciantes do Centro Histórico, Rui Matos, declarou perante as câmaras da RTP e cito para que não haja qualquer dúvida: “Eu estive na recente reunião da CCIPDL de 6ª feira e perguntei ao Sr. Presidente Mário Fortuna o que é que ia ser feito com aquele dinheiro que a CMPDL prometeu à CCIPDL na ordem dos 600 e tal, perto dos 700 mil euros, que seria para revitalizar o centro histórico. Esta pergunta foi feita ao Sr. Presidente Mário Fortuna e ele disse que não tinha conhecimento e que não sabia de dinheiro nenhum e portanto eu não sei quem está a mentir: se é a Dra. Berta Cabral que está a aproveitar a campanha eleitoral para se fazer de boazinha perante os comerciantes de PDL, se será alguma coisa que se passa e eu vim tirar esse esclarecimento a ver se realmente é verdade ou mentira aquilo que foi anunciado na comunicação social dos tais benditos perto de 700 mil euros para revitalizar o centro histórico e o comércio tradicional.” Fim de citação… Questionada Berta Cabral sobre a mesma matéria, respondeu da seguinte forma, e voltamos a citar: “Isso é uma candidatura que a CCIPDL está a preparar para o SIDER dentro do urbanismo comercial em que, em que a CMPDL comparticipa com o remanescente que os fundos comunitários não comparticipam. E como os fundos comunitários não comparticipam o remanescente, a CM vai comparticipar com a diferença que é de 50%. Quando a candidatura estiver formulada e aprovada, aí é que assinamos o protocolo, mas o nosso compromisso perante a CCIPDL para poderem formalizar a candidatura já está assumido porque eles precisavam de saber se nós comparticipávamos ou não a parte que não é cofinanciada por fundos comunitários”. Fim de citação… Perguntamos nós: Se existe esse compromisso que segundo Berta Cabral já está assumido, entre as camaras do Comércio e a Municipal, como é possível que o líder do comércio, professor Mário Fortuna o possa desconhecer e não saber de dinheiro nenhum? Aqui há gato! Alguém está a mentir! Pena a RTP não ter, na mesma altura, questionado Mário Fortuna. Não podemos deixar passar em claro o triste episódio vivido na última Assembleia Municipal de Ponta Delgada que se traduziu no desrespeito das regras democráticas por parte da líder do PSD. Como qualquer pessoa que participe numa assembleia sabe, após a votação de um documento, os membros podem usar a figura regimental da declaração de voto, para, de forma livre e democrática exprimirem as razões que ditaram o seu sentido de voto. Os deputados socialistas participaram e intervieram na discussão do relatório de contas e votaram contra. Após a votação, à semelhança de anos anteriores, o PS, ao abrigo do direito que lhe assiste nos termos regimentais, fez uma declaração, fundamentando o seu sentido de voto. Numa atitude inédita e antidemocrática, a Presidente de Câmara, exigiu usar da palavra na sequência da referida declaração. Face à inexistência de figura regimental que o permitisse, impôs a utilização da defesa da honra, numa clara violação do regimento daquela assembleia, uma vez que em nenhum momento da referida declaração de voto, a sua honra foi atingida. Outrossim, a Senhora Presidente de Câmara aproveitou a oportunidade para ofender a honra dos deputados municipais do Partido Socialista, adjetivando-os, entre outros, de cobardes. Perante tal atitude, ao grupo municipal do Partido Socialista apenas restou o abandono da sala, antes do final dos trabalhos. Estalou o verniz… e foi o que se viu!