Opinião

“É a qualificação, estúpidos!”

Ficou célebre a frase “É a Economia, Estúpido!”, escrita por James Carville num quadro de avisos na sede de campanha de Bill Clinton, alertando para a importância do então candidato se concentrar na recuperação económica do País, em detrimento das questões militares e do fim da Guerra Fria, grandes prioridades do Presidente recandidato George Bush. Clinton viria a ganhar as eleições, derrotando o Presidente Bush, e desenvolveu uma forte estratégia de recuperação económica que lhe permitiu ser reeleito para um novo mandato. Agora, será correcto adaptar essa frase às estratégias de qualificação, indissociáveis de dinâmicas económicas positivas. Ao longo dos últimos anos, os Açores apostaram forte na qualificação. A proliferação de escolas profissionais e a melhoria significativa das infra-estruturas escolares garantem as bases para um aumento da qualificação mais consistente. Mas partimos de fasquias muito baixas. Há 20 anos os índices de qualificação dos Açores eram muito baixos. As estratégias desenvolvidas permitiram uma massificação da qualificação profissional sem precedentes. Mas este é um caminho longo, que demora muitos anos a percorrer e a dar frutos. Temos de continuar este caminho e não desanimar com as contrariedades. Dados recentes da União Europeia dizem que o nível da qualificação na Europa (percentagem dos trabalhadores que têm 12º ano e mais), é de 82% enquanto em Portugal é de 32%. Referimos muitas vezes que temos a geração melhor qualificada de sempre. Isso não é um cliché, é uma realidade, mas quando comparamos com as gerações anteriores e não com as gerações iguais dos outros países da Europa. Apesar dos comentadores, políticos e pseudo-intelectuais, que referem com desdém e sobranceria o trabalho desenvolvido na área da qualificação pelo Governo dos Açores, fartando-se de diagnosticar problemas e de alimentar preocupações, mas sem vontade, empenho ou capacidade de arranjar soluções concretas e palpáveis, é preciso continuar e intensificar o caminho da redução do défice de qualificação que ainda é uma realidade em Portugal e nos Açores, apostando num Ensino Profissional adequado às necessidades futuras da Região e no acesso ao ensino e aos vários níveis de formação aos jovens açorianos. No meio da tempestade económica e social que se vive hoje no nosso País, nossa economia de referência, com fortíssimos impactos negativos na Região, realçamos a clarividência e resiliência do Governo dos Açores, em continuar a apostar na qualificação, na reconversão de activos, na promoção de formação em novas áreas, bem como na afectação de um grande volume de investimento na qualificação e formação nas novas perspectivas financeiras comunitárias 2014-2020. Esta é uma guerra que está longe de estar ganha, este é um combate geracional, mas temos ganho muitas batalhas. Temos de continuar. E espera-se que todos se mobilizem neste desígnio, não apenas o Governo. Municípios, forças vivas e sociedade, todos devem assumir essa responsabilidade.