Berta Cabral, Secretária de Estado da Defesa do Governo da República, é candidata pelo PSD às próximas eleições legislativas nacionais pelo círculo dos Açores. Este duplo estatuto deveria impor um especial cuidado nas aparições que a número dois da Defesa tem realizado nos Açores.
Infelizmente é notório que se tem assistido a uma confusão entre o que é partidário e o que é assunto de Estado. Com mais de dois anos e meio em funções no Governo do País, a Secretária de Estado da Defesa parece ter descoberto os Açores nos últimos três meses. Berta Cabral recuperou a sua tradição de usar os cargos públicos que desempenha para promover a sua candidatura partidária.
Em 2012, a então presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, também presidente do PSD-Açores e candidata à presidência do Governo Regional, utilizou o cargo de autarca para promover a sua campanha eleitoral regional. Nos quatro primeiros meses de 2012, Berta Cabral foi presidente de câmara em part-time, pois esteve 20 dias úteis ausente de São Miguel a fazer campanha eleitoral ao serviço do PSD.
Mais recentemente, um helicóptero da Força Aérea, em pleno voo de evacuação médica de emergência, teve de voltar ao Porto Santo para dar boleia até à Madeira à Secretária de Estado da Defesa.
Atitudes deste género são profundamente condenáveis. Os nossos governantes deviam dar sempre o exemplo.
Nas visitas que tem realizado aos Açores, Berta Cabral só anuncia medidas secundárias e nunca se compromete com nenhum dossiê prioritário. O que diz sobre a Base das Lajes? Que novidades anunciou sobre a falta de tripulações que impede a utilização simultânea dos dois Helicópteros da FAP estacionados nas Lajes que são usados para evacuações de emergência e para busca e salvamento? Que explicação apresentaà possibilidade da Marinha poder adquirir um navio polivalente em segunda mão e com isso reduzir a capacidade de patrulhamento oceânico da Armada a apenas uma fragata?
Há uma linha que separa governar e fazer campanha eleitoral. No caso de Berta Cabral esta distinção não existe. O que assistimos é ao governar em campanha.