“A pressa é inimiga da perfeição”, máxima que nos ensinam desde a infância. Parece, no entanto, que nem todos a seguem. Continuam a acreditar que “chegar lá” primeiro significa que se é melhor ou que se sabe mais, sendo que a realidade, na verdade, é bem diferente.
O líder do PSD/Açores, Duarte Freitas, brindou-nos mais uma vez com a sua pressa atabalhoada, na questão da possibilidade de haver uma companhia lowcost que pretenderia voar para a ilha Terceira. Não percebi ainda se Duarte Freitas considera que, por anunciar alguma coisa antes de quem realmente faz parte das negociações e tem poder decisório, alguém irá pensar que a ideia foi dele. É que, da minha janela, parece que o líder laranja ainda não compreendeu o quão mal estes “anúncios” lhe caem, mais não seja por parecerem descabidos, apressados e mal preparados (a julgar pela manifesta falta de respostas e impreparação que revelou, quando confrontado com a sede de informação dos jornalistas presentes, quando “anunciou” a boa nova).
Mas uma coisa é certa: Duarte Freitas tem queda para postilhão. Isso ninguém lhe tira. Já se tinha prestado a anunciar a revisão das Obrigações de Serviço Público e a baixa de impostos na Região, procurando fazê-lo antes de tudo e de todos. Nem que fosse por escassos minutos. Agora anuncia as lowcost para a ilha Terceira podendo, claramente, com esta sua “aceleração”, prejudicar as negociações e, por consequência, o interesse público. Duarte Freitas faz mais mal que bem com estes seus números de sprint.
É facto conhecido que a existência de companhias lowcost a voar para a ilha Terceira é mais um fator de melhoramento do atual modelo de liberalização do espaço aéreo. O Governo Regional sabe-o e, por isso, com a calma, a competência e o equilíbrio exigidos pela delicadeza do processo, tem agido junto daquelas companhias e trabalhado junto do Governo da República para que apostem também naquela rota. Tudo isto faz-se tendo em conta que a questão exige tato e sensibilidade e que não pode ser perturbada por anúncios extemporâneos, desprovidos de qualquer eficácia positiva.
As negociações já decorrem há algum tempo, não são de agora. E os resultados não se vão ver porque Duarte Freitas quer ou porque acha que acontecerão mais rápido se ele vier para os órgãos de comunicação social bradá-los aos sete ventos. Irão acontecer quando estiverem concluídas as conversações e quando se tiver a certeza que o resultado será benéfico aos Terceirenses e aos Açorianos.
O Turismo é um dos pilares do desenvolvimento económico da Terceira. É também nesse sentido que surge o anúncio do reforço da capacidade da SATA em captar passageiros para a Terceira na rota liberalizada através do aumento da oferta de lugares, recentemente anunciado pela companhia aérea. O Governo Regional tem trabalhado incessantemente para que se consolidem condições de estabilização, crescimento e desenvolvimento para a Terceira, um trabalho que é seu e que não merece o apossar injustificado a que o líder do PSD/A se dedicou.
Esta atitude recorrente de apropriação do trabalho de terceiros não dignifica Duarte Freitas e muito menos o partido que lidera. Tempos houve em que o PSD/A tinha um líder que fazia da correção a sua forma diária de agir, que sabia que o melhor que podia apresentar aos Açorianos era o seu próprio trabalho. A correção deu lugar à artimanha. Hoje o PSD/A tem uma pessoa nas rédeas que, por não ter capacidade para mais, faz seu aquilo que não é, apressando-se para o retrato da ocasião. Desculpe, mas não engana ninguém.