Opinião

A visita dos deputados europeus

Uma delegação da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu visitou esta semana os Açores com o objetivo de se inteirarem de vários problemas específicos, particularmente dos do setor leiteiro. O balanço da visita pode ser resumido nas declarações do Presidente da referida comissão. O Polaco Czeslaw Siekierski reconheceu que existem dificuldades na produção de leite na Região mas considera “difícil” reivindicar mais meios para a agricultura dos Açores. Foi ainda referido que “existem muitos problemas que são urgentes na União Europeia”. Esta declaração do Presidente da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu (PE) é no mínimo curiosa, revela uma atitude de conformismo e dá a entender que o PE é apenas uma instituição que carimba as decisões da toda poderosa Comissão Europeia. A produção de leite nos Açores atingiu os 596 milhões de litros em março de 2014, um aumento de 10% face à campanha anterior. A produção leiteira nos Açores representa atualmente 32,5% do total do leite produzido no nosso País. Em Agosto de 2015 o preço médio ao produtor situava-se em cerca de 0,28 euros por litro de leite, uma redução de 15% face ao praticado no mesmo período do ano anterior. Por outro lado, produzir um litro de leite custa hoje, em média, aos agricultores açorianos mais 30% do que há dez anos atrás. Os exemplos poderiam continuar e apontariam todos para a mesma conclusão. Os produtores de leite nos Açores estão a ser esmagados nos seus rendimentos e a prazo esta situação pode ser devastadora para o Setor mais importante da nossa economia. A conclusão a que se chega é que a UE está a implementar políticas de liberalização que instituem um modelo económico que irá premiar a concentração da produção em grande escala. Estamos perante uma realidade europeia que parece servir apenas os interesses dos grandes, dos fortes, dos poderosos e dos ricos. O problema das quotas leiteiras é um problema europeu que exige uma solução europeia. E para isso acontecer está a faltar uma atuação firme e decisiva dos governos nacionais, em particular do governo português.