Estivemos esta madrugada a votar o Plano e Orçamento para 2016 na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, na cidade da Horta, documentos fundamentais para o suporte do funcionamento da administração e investimento público no próximo ano.
Durante a semana debateram-se as políticas sectoriais, pediram-se esclarecimentos, chegou-se por vezes ao pormenor. Antes disso há que preparar tudo. Recolhem-se números, artigos de jornais, extratos do diário das sessões e outros dados. Tudo serve para, na hora da discussão, suportar as ideias programáticas de cada um dos partidos.
É uma semana intensa e ao mesmo tempo muito gratificante, porque, além de ser muito viva, com dinâmicas próprias, discutem-se todas as áreas económicas em apenas três dias.
O debate político é por vezes acalorado, mas sempre cordato. Nos Açores o debate político está em linha do que acontece em todas as democracias. Há quem estranhe, mas é mesmo assim, faz parte da praxe parlamentar discutir-se com vivacidade as matérias em análise.
A mim coube-me participar no debate, já pelo terceiro ano consecutivo, nas áreas das pescas e do mar, sectores que muito prezo.
A pesca é um sector que representa 3,6% do PIB, emprega mais ou menos 5% da população ativa dos Açores e representa cerca de 20% das exportações regionais. Estes dados, só por si, demonstram a sua importância na economia do arquipélago.
O mar que envolve estas ilhas encerra nas suas profundezas um enorme potencial que já é cobiçado por investidores estrangeiros, estando ainda por resolver questões da gestão partilhada com o Governo da República.
Ao preparar-me para o debate resolvi consultar o livro do Conselho Consultivo de Independentes do PSD, apresentado no passado dia 20, que, como se sabe, foi construído a partir da recolha de centenas de propostas nas áreas da família, desenvolvimento, cidadania e economia, que vão servir de base ao programa eleitoral e de governo.
Depois de folhear todo o livro nem queria acreditar. Nem uma única palavra sobre pescas. Voltei a ver melhor, com mais calma e nada.
O PSD esqueceu-se de um dos sectores mais importantes da nossa economia. É mau demais para ser verdade.