Opinião

O círculo da quadratura do PSD

A “Via de Açoriana” seguida pelo Governo dos Açores não esteve livre de contratempos nem de arduidades. Teve de, naturalmente, contrariar a desesperança que uma forte crise económica coloca nas pessoas, nos mercados, nas empresas e nos “média”. Tivemos também, nos Açores, quem nunca quisesse acreditar no caminho que teimamos em percorrer, fazendo da reprovação um hábito e da ofensa política um estilo. Aliás, arrisco-me a dizer que mesmo perante as evidências de que o pior já lá vai, de que esta crise está a ser ultrapassada, o maior partido da oposição teima em reclamar de que o “cabo das tormentas “ ainda estará por dobrar, como que da confirmação deste seu anseio – do quanto pior para os Açores melhor para o PSD - estivesse a chave para a sua sobrevivência política. Quem não se lembra de um Deputado do PSD em Março de 2013 afirmar: que “as críticas que o PSD/Açores faz sobre as políticas de turismo postas em prática na Região assentam em números claros”(…)“em 2012, esses mesmos valores regrediram 7 anos, chegando aos números de 2004 e, já este ano [2013], registaram-se quebras de 8,8% nas dormidas” Será caso para perguntar que críticas fará o PSD/Açores à política de turismo do Governo dos Açores quando desde janeiro de 2015, crescemos 19,2% em dormidas, ultrapassando, no final do corrente ano, previsivelmente, o máximo histórico de 2007. Quem não se lembra do PSD anunciar, e cito: a péssima “situação das finanças públicas da nossa Região, onde avulta a dramática situação do Serviço Regional de Saúde, a exigir medidas urgentíssimas que evitem o seu colapso iminente.” Ora o que dirá o PSD sobre a gestão das finanças públicas regionais quando o défice da Região baixou de 80 milhões de euros em 2012, para 9 milhões em 2013 e foi ainda mais reduzido, para apenas 6 milhões de euros, no ano passado e o setor da Saúde viu a sua situação estabilizada. Quem não se lembra do maior partido da oposição há menos de dois anos, imbuído do seu habitual espírito catastrofista, e vestindo as vestes dos penosos Velhos do Restelo, referir que: “o Governo Regional falhou naquele que seria o principal desígnio da sua atuação, pois não conseguiu estancar, como tinha prometido há um ano, um nível de desemprego já perfeitamente assustador.” Ora que avaliação faria este partido político do trabalho realizado por este Governo nos últimos três anos, sabendo que: - hoje a taxa de desemprego de 12,1% é inferior à do inicio da legislatura, que se situava nos 15,3%; - hoje, o ritmo de criação de emprego é o mais elevado desde há 13 anos; - hoje, a população disponível para trabalhar, mais de cento e vinte e três mil pessoas (123.299), regista o maior valor desde que há registos e, apesar disto, a taxa de desemprego anual continua a baixar; - e hoje, o indicador de atividade económica é mais alto do que nos últimos dois anos homólogos. É certo que não podemos estar satisfeitos enquanto houver um desempregado ou uma empresa em dificuldades. Mas também é certo que a melhoria destes números atestam o que todos realizamos nos últimos três anos, motivando-nos a continuar a trabalhar cada vez com mais empenho e ambição pela nossa terra. Também não deixa de ser curioso que após estes resultados positivos, o PSD - o partido que menos propostas de alteração apresentou aos sucessivos Planos e Orçamentos nesta legislatura - venha agora dizer que os documentos em discussão não apresentam novas soluções. Não deixa de ser um desafio à lógica e à coerência que o líder do PSD/A diga que não há nada de novo, anuncie o voto contra, e se furte ao diálogo e ao compromisso, apresentando um conjunto de propostas avulsas que deseja ver aprovadas num Plano e Orçamento cujo voto contra já anunciou. Este comportamento é revelador – e talvez sintetize a errática ação política do PSD/Açores nesta legislatura. Ansiosos para agradar a todos, num dia tanto querem fazer a quadratura do círculo, como no dia seguinte - e conforme sopram os ventos – lá se atiram no exercício contrário de pretender o círculo da quadratura! Como processo de construção alternativa é curto. Como ação política é inconsistente. E como exemplo de liderança, é frágil e inseguro.