Evitar o tema não é tarefa fácil. A televisão, ao contrário do que aconteceu até há pouco tempo, agora agarrou-se com unhas e dentes aos candidatos presidenciais. E todos os dias nos debita o diário das suas bem-aventuranças por caminhos de Portugal. Feitas de bochechas cheias de bolo, perdigotos de aguardente e umas tiradas acéfalas que animam os convivas. As televisões perseguem os candidatos como se de um reality show se tratasse, expondo as suas virtudes inter-relacionais e fazendo as perguntinhas da praxe. O que não deixa de ser excelente para quem anseia por não debater ideias, mas ruinoso para a credibilidade dos próprios candidatos. A campanha tem exposto um Marcelo Rebelo de Sousa enfático, risonho e conversador, mas sem que se saiba que grandes ideias acalenta para o desempenho do cargo. Dizem alguns que se deve ignorar tudo o que foi e alguma coisa do que disse no seu passado. E baseamo-nos em quê? No comentador televisivo e na afabilidade fácil? Se nesta campanha falham as ideias abundam as preferências gastronómicas. Marcelo é o campeão da brejeirice. Roçando o ridículo por vezes. Bastou vê-lo, dedicado, a contar os cálices que o barman da Madeira colocava na poncha para perceber o que quero dizer. Ou a dar um passinho de dança com uma madeirense entusiasmada com o parceiro. E afastado duma campanha tradicional, convencido que está de que isto é um passeio. Depois do debate com Sampaio da Nóvoa já não será bem assim. Porém, esta campanha tem alguns factos de interesse. O número anormal de candidatos, que beneficia a democracia na mesma proporção que revela a sociedade que temos. Há de tudo. Embora destaque igualmente a impreparação de alguns deles para o desempenho de tão importante cargo. E as duas candidaturas femininas que introduzem uma lufada de interesse. No dia 24 desfazer-se-ão as dúvidas.