Nos últimos nove meses esteve em funcionamento uma Comissão Parlamentar de Inquérito, proposta por todos os partidos da oposição, sobre o funcionamento da SATA.
A comissão ouviu 23 personalidades, analisou cerca de 300 documentos, com mais de cinco mil páginas de informação.
Durante este período, todos puderam colocar as questões que muito bem entenderam e todos tiveram oportunidade de ver esclarecidas as perguntas que tinham para apresentar.
É por isso, no mínimo estranho, que os partidos políticos que propuseram a referida comissão e que, segundo o enquadramento legal das comissões parlamentares de inquérito, têm preponderância na condução do rumo e da metodologia adoptada nessa comissão, digam agora que não viram as suas dúvidas esclarecidas e que há informação que não consta, mas deveria constar no relatório final.
Bem demonstrativo dessa estranha postura é, por exemplo, esses partidos não fazerem propostas de alteração ao relatório ou queixarem-se que o relatório final não tem recomendações, quando nenhum desses partidos sugeriu que existissem recomendações.
O que fica evidente com este tipo de postura é que a intenção dos partidos proponentes não era esclarecer nada, mas sim alimentar mediatismos circunstanciais que culpabilizassem o Governo e o PS sobre a situação difícil da SATA.
Antes da comissão funcionar, já estes partidos tinham as suas conclusões feitas. Culpar o Governo, atacar o PS e, acredito que involuntariamente, criar uma instabilidade permanente numa empresa pública estratégica para o futuro dos Açores, que atravessa uma fase crucial.
Uma postura séria no tratamento deste assunto, exigia outro tipo de abordagem e exigia que não se descurassem factores extraordinários que abalaram muito a empresa, como as greves nas épocas do Santo Cristo e do SATA Rallye Açores, a crise nacional que reduziu brutalmente o turismo, o impacto do fundo de pensões da empresa, a variação do preço do petróleo quase para o dobro, o retorno positivo que as rotas para a Europa trouxeram para a Região, os atrasos da manutenção, os atrasos que a TAP causou ao não devolver um avião, os acidentes com aeronaves ou, até mesmo, o impacto do vulcão islandês que provocou prejuízos à aviação europeia no valor de 185 milhões de euros por dia.
O PS não escamoteia as responsabilidades que tem. Assume-as e justifica-as, com a humildade de quem tem a obrigação de estar disponível para o mais exigente escrutínio sobre as políticas públicas na Região. Mas tudo o que referimos está comprovado pela documentação disponibilizada e pelas audições dos especialistas ouvidos.
Mas não podemos compactuar com uma postura da maioria dos partidos políticos da oposição, que pretendeu apenas alimentar ruídos mediáticos, num péssimo contributo para a estabilidade de um activo tão importante.
A empresa, os seus funcionários e o que representa para o futuro dos Açores exigem mais responsabilidade.