Opinião

O meu voto

No próximo domingo, 24 de janeiro, temos todos, cidadãos eleitores, a responsabilidade de escolher o próximo Presidente da República. No momento em que nos aproximamos do final da campanha eleitoral, no momento em que, da parte de cada um dos candidatos, houve a explicação, mais ou menos conseguida, das razões pelas quais entendem que devem ser eleitos, no momento, por fim, em que foi possível conhecer um pouco mais de cada um, resolvi tornar públicas as razões pelas quais vou votar no Professor Doutor António Sampaio da Nóvoa para Presidente da República. Antes disso, porém, realço a importância de exercermos esse direito de voto. A escolha de quem nos representa como Presidente da República deve também mobilizar-nos, se não por uma questão de assunção da nossa quota-parte nessa responsabilidade coletiva, pelo menos como o exercício de um direito individual que é um ativo do nosso património como cidadãos, e que, por essa via, constitui um sinal de maturidade política e de liberdade democrática. Mas indo às razões do meu voto em Sampaio da Nóvoa, em primeiro lugar, está aquela que se prende com a sua visão do que deve ser e do que deve fazer o Presidente da República, como tal apresentada por ele, no dia 25 de maio, no Porto. 40 anos passados sobre a consagração constitucional deste regime em que vivemos, está na hora, está mais do que na hora, de abrirmos novos horizontes e termos uma ambição arejada quanto àquilo a que se propõe o Presidente da República. Em minha opinião, também por isso, Sampaio da Nóvoa distingue-se, com mérito, dos demais candidatos presidenciais. Com efeito, não basta recitar o credo das funções e dos poderes do Presidente da República. Essas não são, nem podem ser, palavras vãs mas correm o risco de sê-lo. Devem ter uma ideia, uma ambição, um sonho que as anime e o facto é que, da forma como vejo, é Sampaio da Nóvoa que dá conteúdo atualizado e vivo, por exemplo, a funções como representar a República Portuguesa, garantir a independência nacional ou garantir o regular funcionamento das instituições democráticas. O mundo mudou, é certo, mas o essencial é que a interpretação que é dada aos poderes e competências do Presidente da República deve, também, ser conformada por essa realidade. E nesse aggiornamento, nessa atualização da forma como deve ser vista a função de Presidente da República, Sampaio da Nóvoa já ganhou. Em segundo lugar, voto em Sampaio da Nóvoa também por causa do debate que se gerou à volta da sua condição de independente. Permito-me realçar aqui uma distinção que me parece fundamental: não voto nele por ser independente. Voto nele também pelo debate que se gerou à volta da sua condição de independente. Passo a explicar: Por um lado, como cidadão que está político, acho que a forma serena e inteligente como Sampaio da Nóvoa conciliou essa sua condição com a entrada no mundo da política fez mais pela aproximação dessas duas dimensões do que muita conversa fiada que ouvimos a esse propósito. Sem messianismos, nem maniqueísmos, sem cruzadas vingadoras, nem tentações purificadoras, Sampaio da Nóvoa assumiu a sua condição de cidadão que reclama, e bem, o direito de também participar, ao nível de um cargo eletivo, na vida do seu país. Por outro lado, também como cidadão que está político, não posso aceitar, nem posso pactuar, com a visão que alguns, de diferentes quadrantes, pretenderam alimentar de que a política não é para todos e que a eleição do Presidente da República, mais do que uma eleição, é uma espécie de promoção. É nessa lamentável ordem de ideias que incluo as referências de que, se nunca se conheceu a Sampaio da Nóvoa intervenção política, ele estaria diminuído no seu direito de querer e poder ser candidato, como também incluo a triste referência a “soldados rasos” e a “generais”… Por muito que custe, e, pelos vistos, a alguns custa muito, essa visão dos políticos como casta e da política como escala de promoção, pode, e deve, ser vigorosamente rejeitada. Em especial, quando parte de políticos… Em terceiro lugar, e acima das anteriores, como Açoriano, voto em Sampaio da Nóvoa pela simples razão de achar que ele será, como Presidente da República, o melhor para os Açores. Com efeito, o conhecimento que ele tem da nossa Região, mas, sobretudo, o entendimento que ele demonstra ter e querer defender de que o País, não só não começa e nem acaba em Lisboa, como tem muito a ganhar com a valorização da sua dimensão atlântica; o seu conhecimento da nossa Autonomia, o entendimento de que o seu aprofundamento é dinâmico e deve ser consensualizado, bem como a sua afirmação da importância da nossa Diáspora, tornam-no no candidato que melhor constitui uma garantia de reforço da coesão nacional, de respeito pelas autonomias regionais e de potenciador da afirmação dos Açores no mundo. Tudo isto, nesta campanha, e com estes candidatos presidenciais, levam-me a votar, consciente e convictamente, em Sampaio da Nóvoa para Presidente da República.• Vasco Cordeiro