Ao contrário do que muitos pensam, nos Açores, durante a crise da Troika a nossa economia cresceu sempre acima da do país. E mesmo quando o país entrou em recessão, aqui, os efeitos sentidos em praticamente todos os indicadores foram menores.
Estes são dados de instituições credíveis, como o Instituto Nacional de Estatística, que nos dão a perceção do comportamento da economia Açoriana durante a crise, como também durante a primeira década do seculo XXI.
De 2000 a 2010 a Região Autónoma dos Açores aumentou o seu PIB a cerca de 2 p.p. ao ano, um ritmo acima do país que cresceu a uma média de 0,8 p.p.. Mas se é certo que a economia regional cresceu assinalavelmente, a oposição parlamentar, nomeadamente o PSD, sempre afirmou que o crescimento económico era profundamente desigual na Região, assente sobretudo no privilégio das ilhas grandes em detrimento das ilhas mais isoladas. Esta conclusão da oposição permitiria afirmar que o projeto de desenvolvimento harmónico dos Governos do PS para os Açores, tinha falhado nos seus objetivos e alimentava a prole local para os mais acérrimos bairrismos.
Durante algum tempo, apesar de alguns indicadores verificarem o contrário, esta tese vingou em alguns círculos políticos, empresariais e jornalístico. Mas, efetivamente, nunca foi comprovada – e bem!
Com a mais recente publicação, pela parte do Serviço Regional de Estatística dos Açores, do Índice Compósito de Desenvolvimento Intra Regional (ICDIR-Açores) para os anos de 1980, de 1990, de 2000 e de 2010, ou seja para um período de 30 anos, passou a ser possível medir o posicionamento e a evolução do desenvolvimento de cada ilha no contexto regional nas vertentes económica, social e ambiental. Ou seja, passou a ser possível verificar o grau de convergência entre as nossas ilhas.
Segundo o que verifiquei junto do SREA, este índice ICDIR-Açores, assenta na medição de “47 indicadores ou variáveis representativas das três componentes do desenvolvimento definidas inicialmente: 22 para a Competitividade Económica; 19 para a Coesão Social e 6 para a Sustentabilidade Ambiental.”
O que confirmamos foi que, durante a primeira década do século XXI, oito das nove ilhas aceleram a convergência das décadas anteriores, para o valor base, ou seja, para a média de desenvolvimento regional, sendo que dessas oito, seis aumentam mais do que cinco pontos. A única ilha que não melhora o seu lugar no índice, embora mantendo-se na média regional é a ilha de S. Miguel (99,9).
Sei que logo aparecerão os habituais “oráculos da desgraça”, esquecendo tudo o que escreveram antes nas suas “conversas semanais”, logo desvalorizando o aumento da coesão regional e afirmando que todas a ilhas cresceram durante a década de 2000 à custa de São Miguel, que andou para trás.
Antecipando esse argumento espectável - para quem não admite que se enganou - basta cruzar este indicador com os dados do crescimento económico durante este período e utilizar a matemática.
Os Açores registaram um crescimento médio de 2p.p. anual, durante a primeira década do Séc. XXI - aproximando-se da média da riqueza nacional, que apenas cresceu 0,8 p.p. ao ano. Naturalmente, a maior parte da riqueza produzida na Região provém da maior ilha do arquipélago, que também cresceu durante este período. Acabamos por verificar que a descida de S. Miguel, no ICDIR-Açores, não se deve a qualquer degradação na sua atividade económica (antes pelo contrário pois verifica-se uma melhoria), mas sim, numa variação superior nos indicadores de desenvolvimento das restantes ilhas.
Na prática, todas as ilhas melhoram a sua situação, os indicadores económicos assinalam crescimento, mas as assimetrias existentes entre elas diminuem. “Verifica-se que em 1980 a maior assimetria, entre ilhas, era de mais de 30 pontos e em 2010 era de 16,9 pontos.”
Contrariando a teoria catastrofista que tanto a nossa oposição parlamentar apregoa - permitindo-se, com estes argumentos tudo prometer e tudo o criticar - percebemos que o que se diz não é bem o que se passou na nossa terra. Que o trabalho dos Açorianos deu frutos e que as políticas de coesão social, económica e territorial que o Governo dos Açores implementou estão no caminho certo.