No do mês de maio integrei uma delegação da Comissão Interparlamentar UE-Canadá que se deslocou àquele país para uma série de encontros com agentes políticos e económicos. Tive oportunidade de estar com a comunidade luso açoriana em Montreal. Participei nas celebrações do dia dos Açores na Casa dos Açores do Quebec. Foi muito interessante constatar a forma intensa e dinâmica como emigrantes e luso-descendentes vivem a açorianidade. A nossa comunidade no Canadá é um exemplo de boa integração. Muitos açorianos emigrados, açor descendentes e luso descendentes ocupam lugares chave nas comunidades onde vivem e também ao nível federal. A sua ação pode influenciar decisões em beneficio dos Açores.
A Europa e o Canadá partilham um recurso inestimável cujo bom uso pode fazer a diferença: o Oceano Atlântico. Este é um desafio que devemos agarrar, dum e outro lado do oceano, em beneficio de todos mas acima de tudo em nome do papel que os Açores podem desempenhar neste novo contexto. É nisto que estou apostado e foi esta uma das mensagens que transmiti: devemos todos promover esta relação “win, win””. Apelei, por isso, à intensificação do envolvimento da comunidade nos temas relacionados com o Atlântico.
Tive também oportunidade de trocar impressões acerca do acordo de Comércio livre UE-Canadá (CETA), um processo que tenho acompanhado no Parlamento Europeu e que integra produtos de Origem Protegida dos Açores como é o caso do queijo de São Jorge.
A propósito da crise do leite que assola a Europa e cujos efeitos se fazem sentir no preço do leite ao produtor na Região sensibilizei a comunidade não tanto para consumirem produtos açorianos, porque sei que o fazem, mas para serem embaixadores da marca dos produtos dos Açores, falando, aos amigos e conhecidos, da forma única como o nosso leite é produzido, com respeito pelo bem estar animal e pelo ambiente. Há novos consumidores que procuram este tipo de produto. Falta naturalmente alguma notoriedade às nossas marcas e todos podemos e devemos participar neste esforço.
Depois de Montreal desloquei-me a Ottawa, naquela cidade participei em sessões de trabalho conjuntas com ministros, senadores e deputados canadianos, subordinadas a temas como o CETA, o aquecimento global e as energias renováveis.
Foi uma visita muito positiva. Para além dos já referidos contactos com a comunidade luso açoriana foi possível constatar que a nova agenda política canadiana, que se iniciou com a liderança do Primeiro-Ministro Trudeau, vai ao encontro do que temos vindo a defender. O Canadá começa a estar na linha da frente na afirmação de um modelo de desenvolvimento sustentável demonstrando-o através das opções internas que têm sido tomadas para mitigar o aquecimento global e não só adaptar, são disso exemplo as novas políticas energéticas a serem implementadas até 2030 nas províncias do Quebec e do Ontário.
Com a nova agenda política do Canadá e tirando, simultaneamente, partido do vigor da nossa comunidade naquele país creio que estão lançadas as bases para que a intensificação das relações Europa-Canadá possam contribuir para a valorização da posição açoriana.