Opinião

Vitória da política na querdocracia europeia

Esta semana, a política teve a sua primeira incursão real e positiva numa Europa que isolou o Presidente do Eurogrupo e outros defensores da querdocracia. Este poder querdocrata alicerçado na vontade unívoca de ganhos materiais representa os ínvios caminhos do neoliberalismo que tudo faz para dominar os Estados a favor de interesses privados. Já diversas vezes defendemos nesta coluna a necessidade do primado da política num tempo em que todos falam de crise como corolário de uma certa “economia zica”. O atual governo socialista mostrou que a obediência panúrgica ao diretório europeu, por parte do governo de Passos Coelho, não só foi perniciosa e lesiva para a dignidade de milhares de pessoas no país, como António Costa se revelou um líder hábil, firme e dialoganteperante os Golias europeus. É bem verdade que ainda há um caminho a percorrer até à saída de Portugal “dos défices excessivos”. Porém, podemos almejar que o futuro da democracia se fortalece com atos e decisões políticas que reforçam a democracia representativa. Neste ponto, as instituições europeias “não eleitas”, como o eurogrupo e seu “dececionante presidente”, ilustram as entidades dispensáveis ou a carecer de reformulação ou refundação numa imprescindível neoarquitetura da Europa política.A artificialidade do malogrado Pacto de Estabilidade, a grande falibilidade das previsões de entidades como o FMI e as vertigens económicas associadas demonstram a hipocrisia destes “mea culpas” retardados. Outrossim, demonstram a imperiosidade do reforço das democracias europeias através de autorreformas que sem perder valores impeçam radicalismos e possam garantir a paz. Um pequeno país como Portugal, afirmou-se, de novo, nas teias da globalização. Pior foi ver o triste espetáculo de Passos Coelho no Chão da Lagoa da Madeira, destilando a incontida vontade da aplicação de sanções. A direita continua na sua saga destrutiva, espreitando qualquer mau indicador, invocando as virtudes do seu passado recente que todos entendem como pecados coniventes com a querdocracia, sem perdão ou esquecimento possíveis. Mais: Protocolo assinado por Vasco Cordeiro com o Governo da República para desbloquear um velho problema da Base das Lajes. Menos: As tentações de instrumentalizar ou a auto instrumentalização (?) de entidades “ditas independentes”, a dois meses e meio das eleições regionais de outubro próximo..