Opinião

Esconder a Fraqueza

O PSD-Açores anunciou na passada semana as suas listas de candidatos a deputados para as próximas eleições regionais de 16 de Outubro. Duarte Freitas, o chefe interino do partido, proclamou os seus candidatos procurando salientar a grande “renovação” que o partido introduziu nas suas listas. A suposta “renovação” que Freitas anuncia assume o caráter de uma verdadeira limpeza étnica. O afastamento de nomes como o histórico Humberto Melo, Jorge Macedo, José Andrade e da jovem promessa Cláudio Almeida apagam politicamente grandes referências do PSD e retiram muita da capacidade de intervenção ao futuro grupo parlamentar do partido. Se somarmos a desconsideração pelos prestigiados Pedro Gomes e Pedro Nascimento Cabral – pelos quais passará o futuro do PSD e da política regional - ficamos com uma ideia mais nítida sobre o descalabro que se aproxima. O segredo da renovação dos candidatos de qualquer partido passa por um equilíbrio entre a experiência política e parlamentar com a inevitável renovação de pessoas e do seu projeto político. Os candidatos do PSD são certamente respeitáveis, se excetuarmos um caso de incoerência gritante, embora quase todos desconhecidos. No tocante às ideias políticas, o que o PSD apresenta é um emblema de inconsistência e de vazio. O partido continua a definir-se pela negativa. É contra tudo. Revela-se incapaz de projetar uma ideia de otimismo e uma referência de confiança. O PSD nos Açores é incapaz de liderar e de protagonizar a mudança que apregoa. Ao PSD e a Duarte Freitas não basta criticar os supostos vinte anos de governação do PS. Esse é um argumento falso e próprio de quem nada tem a dizer aos açorianos. Em duas décadas o PS mereceu sempre a confiança dos eleitores porque liderou a mudança das ideias políticas e a renovação de protagonistas sem renegar o seu passado. Este é o segredo do sucesso socialista. Duarte Freitas pode passar os próximos 70 dias a proclamar os méritos do PSD. Sem ideias para a mudança não convencerá ninguém. A sua suposta “renovação” tem um único objetivo: criar uma cortina de fumo para esconder a fraqueza da sua liderança política.