Opinião

O Regresso do Jornalismo

Fixem este nome: Paul Horner, empresário norte-americano de 38 anos. Horner teve uma influência inesperada nas últimas eleições presidenciais norte-americanas. O seu segredo? Inventar notícias falsas com o intuito de gozar com a candidatura de Donald Trump. A brincadeira teve um efeito contraproducente. As suas notícias inventadas e publicadas num emaranhado de websites geridos pelo próprio foram partilhadas no Facebook e no Twitter, algumas tiveram 250.000 partilhas! O resultado foi a dinamização e o crescimento da candidatura do magnata do imobiliário. Horner inventou que Hilary Clinton era apoiada por um lobbyamish. Assegurou que magnatas de Wall Street manietavam Hillary. Noticiou que a candidata do Partido Democrata ia instituir as carrinhas de casamento gay para percorrer os Estados Unidos a realizar matrimónios homossexuais. E chegou ao ponto de noticiar que se Hillary vencesse iria ser proibida a utilização do hino nacional em diversas cerimónias públicas. Como é possível acreditar em tantos disparates? A resposta foi dada pelo próprio Horner numa entrevista inacreditável publicada no Jornal Público, no passado dia 18. Vejamos duas das suas respostas – “Não acreditei que fosse possível que ele fosse eleito. Pensava que estava a baralhar a campanha (…)” e adianta “Os meus websites foram usados pelos apoiantes de Donald Trump durante toda a campanha. Acredito que Donald Trump está na Casa Branca por minha causa. Os seus seguidores não verificam histórias, publicam tudo e acreditam em qualquer coisa”. A situação piora quando as administrações do Facebook e do Google admitem vir a alterar a sua política de conteúdos, face à reconhecida proliferação de notícias falsas durante a campanha eleitoral americana. Há uma década atrás era comum realizarem-se debates sobre o futuro do jornalismo. Hoje é ponto assente que com a explosão das redes sociais e da informação a verdade e a liberdade jornalísticas podem ficar em causa. O Mundo está estranho. O Jornalismo precisa de regressar em força. O seu futuro não prescinde da idoneidade e da credibilidade da imprensa consagrada.