Lisboa, Porto, Braga, Funchal ou até Guimarães foram cidades que arrancaram o ano de 2017 com roteiros de passagem de ano fortes, marcantes, interessantes, que levaram milhares de residentes e turistas às ruas e aos hotéis. Se dúvidas houvesse sobre o sucesso destes eventos apoiados pelas Câmaras Municipais, bastava no dia 1 de janeiro à tarde, - enquanto recuperava no seu sofá, da noite da passagem de ano - ver nos serviços noticiosos as descrições sobre a qualidade destas festas.
Em Ponta Delgada houve festa, de facto, mas foi um evento como todo o mandato do atual presidente do município: sem “sal”, sem inovação, sem imaginação, sem ambição, sem entusiasmo, apenas mais uma passagem de ano, semelhante a muitas outras que passaram, que o resultado para a nossa memória futura, será uma confusão entre a festa da semana passada e a festa do ano anterior.
Foi feito tudo em cima do joelho, como se fosse preciso arranjar qualquer coisa para cumprir calendário, divulgado e promovido tardiamente, - apenas em outubro imagine-se! – deixando passar a Bolsa de Turismo de Lisboa para anunciar o evento, confiando no advento das low-cost´s e na “nova” SATA para encher os hotéis… (Foi o que nos valeu!)
Assim anda a gestão do município de Ponta Delgada e, sobretudo, do seu presidente, silenciosa nos resultados, – talvez porque não existam – estridente na agenda do dia-a-dia. É certo que há muitas ações solidárias, muitas audiências a entidades e muitas presenças institucionais, que permitem ao presidente do município fazer longas saudações “elaboradas” e “pomposas” a quem o convidou, - estas saudações são maioritariamente justas e até necessárias, mas não é isso que está em causa - mas o que pretendo de quem gere o meu município é que não se resuma apenas a ser um homem educado, sério e bem-falante.
Basta visitar o site da câmara municipal - pode ter um prémio, mas parece desenhado com linguagem do “tempo dos dinossauros” pois não abre no Chrome - de Ponta Delgada para perceber a falta de ambição a que me refiro. É de facto acessível e cheio de notícias, apesar de um pouco confuso, mas não tem conteúdos que a meu ver interessem, - tal como a gestão camarária - não há nada promovido pelo município de fomento ao emprego, à iniciativa empresarial, à criatividade, à inovação, à fixação de jovens no centro da cidade, às industrias criativas, ao turismo ou até à coesão territorial com as freguesias mais afastadas do meio urbano.
Palavras como “startup´s”, “fab lab” ou “incubação de empresas” não existem no léxico do município, que abdicou desta sua função de motor da cidade para o Governo dos Açores. É triste verificar que não conseguimos perceber dos discursos do Presidente e vereadores qual o caminho que querem que a cidade siga. Falem com comércio tradicional, falem com aqueles que esperam desesperadamente que a câmara lhes dê uma licença para obras particulares ou falem mesmo com quem vive na cidade, se sentem que a câmara está à altura da dinâmica do novo turismo Açoriano.
O anunciado Plano Estratégico de Desenvolvimento de Ponta Delgada 2014-2020 foi metido num saco e esquecido - provavelmente utilizado como prenda de Natal na falta de melhor - mas garantidamente não há uma linha que tenha sido efetivamente concretizada deste.
No meio de toda esta ausência de mandato - numa cidade que tem um aeroporto, uma universidade, o maior número de empresas e hotéis e a maior população dos Açores - a gestão do município pesa nos ombros do seu simpático presidente, que parece perdido e sem norte para a maior cidade dos Açores.
Que venham as autárquicas rapidamente para que possa ajudar a eleger alguém que volte a dar dinamismo e ambição a Ponta Delgada. •