Os primeiros trinta dias de administração Trump mergulharam a realidade política norte-americana num verdadeiro caos. Na teia de incidentes não faltou a inédita demissão do conselheiro de segurança nacional do Presidente, por motivos conspirativos.
Se os Estados Unidos fossem o Belize, ocupando uma pequena faixa da costa da América central no golfo do México, Trump seria um ilustre desconhecido da comunidade global.
Infelizmente para o Mundo, Donald Trump é o presidente do país com a maior economia do Mundo, com as mais poderosas forças armadas do Planeta e com um papel preponderante nos assuntos internacionais. Muito do que se decide na Casa Branca, em Washington, afeta-nos direta ou indiretamente.
Até agora o caos provocado por Trump tem abalado profundamente duas assunções tomadas por certas sobre a política americana. Primeiro que um presidente depois de tomar posse de certa forma se institucionaliza e se transforma num fator de moderação. Manifestamente não foi o caso. E segundo, que o sistema político americano assenta num desenho institucional democrático que permite controlar e conter os excessos presidenciais, através de um sistema de pesos e de contra pesos. Neste capítulo já há contrapesos em jogo, nomeadamente judiciais que anularam uma ordem presidencial de banir a entrada de naturais de sete países muçulmanos, mas ninguém duvida que o sistema será testado ao limite.
O novo presidente dos Estados Unidos considera-se perseguido pela comunicação social a quem acusa de “desonestidade total”, pela forma como são tratados os casos relacionados com os incidentes com a sua administração. A guerra insana de Trump contra os media ser-lhe-á fatal. É apenas uma questão de tempo.
É sempre difícil especular sobre o futuro de uma personalidade como Donald Trump, nomeadamente sobre o seu contributo para a História. Mas não é de excluir que após o entusiasmo gerado pela cruzada de um empresário multimilionário contra o sistema e os políticos de Washington, que culminou na eleição de Trump para Presidente, venha ele próprio a ser o responsável pela reabilitação da Política e dos bons políticos.