Opinião

António Soares Marinho

Partiu, precocemente, mais um Amigo. Uma amizade feita ao longo de quase uma década de convívio político, desportivo e social. O Deputado António Soares Marinho era de uma elevação no trato assinalável. Tinha sempre uma palavra a dar quando nos cruzávamos por Ponta Delgada ou na Horta. Geralmente, a conversa começava sempre pelo mesmo assunto: o nosso Santa Clara. E a meio da conversa, lá vinha uma frase que era sempre dita à boleia de um sorriso provocatório: “sabes, sempre estive do lado contrário ao poder em exercício. Mas sempre fiz a ponte com o poder.” Esta frase, independentemente de ter como interlocutor um orgulhoso, ainda que pequenino, “membro do poder”, espelha bem o que era a visão e ação do amigo António Soares Marinho. No desporto. Na política. Na Vida! Um verdadeiro gentleman. Um senhor da política açoriana. Uma referência para todos os parlamentares. De todas as bancadas! Mas voltemos ao futebol. Cruzamo-nos em diversas reuniões da Assembleia Geral do Clube Desportivo Santa Clara, do Conselho Santaclarense, em reuniões informais de reflexão do universo Santa Clara e em muitos jogos no Estádio São Miguel. Em qualquer um destes fóruns, a postura do amigo António Soares Marinho era sempre a mesma: ativa, opinativa e conciliadora. Tínhamos também em comum o gosto por um grande clube do futebol português, mas que da parte do amigo Soares Marinho não merecia muita conversa (como eu o percebo…). Outro tema em comum, e que também fazia parte das nossas conversas a seguir ao almoço no bar da Assembleia, no espaço exterior, com o canal e a montanha do Pico como pano de fundo, era a fiabilidade e consumos de um SUV de uma marca nipónica que ambos temos. Dizia-me, em jeito de agradecimento, que não queria outro. Que tinha feito uma bela compra, uma vez que se confirmava tudo aquilo que lhe tinha dito a respeito do meu, quando me abordou no parque de estacionamento da delegação da Assembleia em Ponta Delgada. Respondia-lhe através de um sorriso e lá seguíamos para outro assunto. Sempre com uma simplicidade cativante e desarmante, mesmo quando eu procurava fazer alguma piada com qualquer coisa menos positiva do lado do PSD. A postura de Senador nunca se perdia. Era sempre um Senhor. Sempre de uma cordialidade extrema. Com dedicação ímpar à causa pública. Com total tolerância pela divergência. Sem nunca cair na tentação de fulanizar. Era, genuinamente, um verdadeiro Democrata. Homens deste calibre não se substituem. Ficam para sempre na nossa memória. Tal como a saudade… Resta-me, a terminar, apresentar sentidas condolências à sua família e amigos e ao PSD Açores. Até sempre, amigo António Soares Marinho!