Opinião

"Consenso enorme” e algumas demissões…

O PSD/A aprovou, no passado dia 8, em sede da respetiva Comissão Política Regional, a lista de candidatos às eleições legislativas regionais. Em declarações à imprensa, o vice-presidente do partido, Pedro do Nascimento Cabral, referiu o seguinte: “A composição das listas de candidatos resultou de um trabalho profícuo e de diálogo com todas as estruturas de ilha do PSD/Açores. A aprovação das listas reuniu um consenso enorme na Comissão Política Regional, tendo estas sido aprovadas por aclamação”. Na nota de imprensa que consta no site do PSD consta, ainda, que “O dirigente social-democrata [Pedro do Nascimento Cabral] salientou que, nesta reunião da Comissão Política Regional, o presidente do partido, José Manuel Bolieiro, «motivou as estruturas de ilha a avançarem com a apresentação, aos açorianos, do projeto alternativo que o PSD/Açores tem à governação socialista de 24 anos».” Ora bem, se esta bonita narrativa, face aos acontecimentos relatados em comunicado pela Comissão Política Concelhia do PSD de Vila Franca do Campo em que apelidava a atitude de Bolieiro de “desrespeitadora, desonesta e desleal” por ter escolhido Sabrina Furtado em detrimento do candidato aprovado por unanimidade (!) pela concelhia, já nos remetia para as famosas quadras da mentira e da verdade de António Aleixo, designadamente, para aquela quadra que reza assim: “P´ra mentira ser segura, e atingir profundidade, tem que trazer à mistura, qualquer coisa de verdade.”, os dias seguintes à aludida aprovação por um “consenso enorme” das listas e ao discurso motivacional de Bolieiro foram abundantes em notícias com epicentro em Angra do Heroísmo, no mínimo, embaraçosas para o PSD de Bolieiro. E, como bem sabemos, o que veio a público representa uma ínfima parte relativamente ao “clima” nas hostes laranjas. Mas o que veio a público já foi suficiente para fazer ruir um “consenso enorme” que tinha a força de um castelo… feito na areia! Quem está minimamente atento ao fenómeno político-partidário regional, antevia, há muito, o que está patente nas listas do PSD/Açores e, como consequência, o ambiente de “guerra fria” instalado, principalmente, nas ilhas de São Miguel, Terceira, Faial e Pico. Bolieiro, que anda pelos corredores do PSD/A há mais de 30 anos, usou, como já se esperava, a tática da desresponsabilização por antecipação. A ideia é muito simples. Passa por juntar nas listas todas as fações e, na noite eleitoral, dividir culpas por todos! Do passado longínquo dos tempos de Mota Amaral a um passado mais recente de Freitas e Gaudêncio. E, se virmos bem, até tem representantes de um futuro que é passado e uma genuína representante do futuro que passará a ficar sempre ligada ao passado. Em síntese, há aparelho a mais e decisão, rasgo, ambição e futuro a menos. As estruturas internas do PSD/A, bem como alguns militantes, estão a responder a Bolieiro com demissões e desfiliações. Depois não se admirem da resposta dos Açorianos e Açorianas…