Opinião

Bolieiro, “o desesperado”!

Dizem os meus amigos do PSD-Açores que José Manuel Bolieiro é uma “joia de pessoa”, “moderado”, “muito racional”, “extremamente afável” e “amigo do seu amigo”. Não conheço, pessoalmente, José Manuel Bolieiro. O que me interessa nele, ou noutro qualquer protagonista público, é a vertente política da personalidade em causa. E os últimos tempos, pós 25 de outubro, têm sido esclarecedores. Bolieiro, a quem atribuí em texto publicado neste mesmo espaço o cognome de “o empurrado” quando o atiraram para a liderança do PSD-Açores, tem revelado uma nova faceta. O político adepto da social democracia; membro da ala moderada e até a piscar o olho ao lado mais conservador do partido; defensor das liberdades individuais; apreciador do estado social; co-responsável pela revisão do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores e, por consequência, convicto aliado do aprofundamento crescente da nossa   Autonomia, deu lugar a outro tipo de político. Bolieiro, pelo papel que foi obrigado a assumir pela ala belicista, fundamentalista e que se move pelo ódio ao PS-Açores que tem nos dias que correm uma falange de apoiantes considerável dentro do PSD-Açores, tem desiludido não só os milhares de verdadeiros sociais-democratas que integram as fileiras do PSD-A, como principalmente os Açorianos que de Santa Maria ao Corvo tinham alguma consideração e respeito pelo estilo simpático de Bolieiro, que até aparecia nos cartazes espalhados pelos Açores com a referência a “O Presidente amigo”. Ora, para além do facto de em 8 Ilhas esse político que se autointitulava de “presidente amigo” ter sido rejeitado pelos eleitores, temos assistido a uma estranha mutação do político que vejo, ou com uma capa e coroa de mordomo nas Festas do Espírito Santo de Ponta Delgada que a Dr.ª Berta Cabral despudoradamente decidiu instrumentalizar em termos políticos, ou vestido de branco na grande noite da festa branca de Ponta Delgada. Bolieiro, na versão genuína de Presidente de Câmara, nunca entraria neste tumultuoso caminho de afronta à social democracia e a tudo aquilo que defendeu ao longo de 3 décadas de carreira política. Bolieiro nunca seria capaz de voluntariamente chegar tão longe. Bolieiro, que os munícipes de Ponta Delgada bem conhecem, é o político simpático e amigo sobre o qual “um outro” Paulo Estevão escreveu que – texto sob o título “Bolieiro é a bengala do PS/Açores” datado de 27.06.2020 – “A sua passagem pela presidência da Câmara caracteriza-se pela pobreza franciscana das suas realizações. Não fez nada. O legado pelo que ficará conhecido, tudo o indica, é a perda do município mais populoso dos Açores para o PS/Açores.” Bolieiro, continuando a recuperar declarações do tal “outro Paulo Estevão” em período de campanha eleitoral, “não reúne as condições para liderar um Governo dos Açores. Bolieiro não tem, do ponto de vista pessoal, as condições para desempenhar essas funções.” A terminar, resta-me referir que só o desespero é que pode explicar a atual deriva extremista e populista de Bolieiro. Aceitar, após tudo ter feito pela calada para tal, o apoio vindo de Lisboa do partido do Dr. Ventura não augura nada de bom. Bolieiro podia ter ficado na história como “o Estadista”. Ao optar por sujeitar-se ao Chega – partido anti-autonomista, extremista, populista, xenófobo e racista – ficará sempre recordado como o coveiro da social democracia!