O país ficou consternado com a perda de Jorge Sampaio. Mário Soares e Jorge Sampaio foram, até hoje, os Presidentes da República com maior notoriedade, prestígio nacional e internacional. Com uma costela açoriana por via da sua avó materna, Sampaio era resiliente e emotivo, lutador e tolerante, culto e humilde, autêntico, exigente consigo e desejoso dos portugueses terem ambição para o país. Estadista e cidadão cultivou a proximidade entre eleitos e eleitores. A sua personalidade congregava o verdadeiro e convicto democrata. Conheci-o melhor na catástrofe da Ribeira Quente e no sismo do Faial. Gerava empatia. Interessava-se pela solução dos problemas. Avesso a derivas radicais dificilmente normalizaria partidos xenófobos na governação regional. Sampaio lia a realidade com a sua fleuma britânica, com a sua experiência de antifascista, a sua grande mundividência e firmeza democrática. Fê-lo com Santana Lopes e na tentativa de assalto ao poder, nos Açores de 1996. A democracia ficou mais pobre. A sua vida exemplar pode e deve frutificar.