Opinião

Retrocesso também no turismo

Em janeiro de 2020, ainda antes de todos os constrangimentos que aquele ano nos trouxe, eram publicados pelo Serviço Regional de Estatística os dados relativos ao movimento de passageiros nos aeroportos dos Açores durante o ano de 2019.

Os dados à data conhecidos eram deveras animadores e também desafiantes. Com a publicação daqueles dados os Açores viam que o objetivo do crescimento turístico em todas as nossas ilhas era possível.

A estratégia montada que juntou decisões políticas a investimentos públicos e privados mostrava mais uma vez que havia sido uma boa estratégia.

Os dados à data mostravam que todas as ilhas dos Açores cresciam. Aliás, mostravam que entre 2015 e 2019 houve um crescimento de 55% do número de passageiros desembarcados e mostravam que havia um crescimento de 40% só nos voos inter-ilhas.

Mostravam ainda que em termos de dormidas, no mesmo período, o valor ascendia, pela primeira vez, os quase três milhões ultrapassando largamente a barreira dos cem milhões de euros em proveitos só para a hotelaria tradicional.

Mas, paralelamente ao crescimento destes indicadores eles mostravam que havia harmonia no crescimento por toda a Região e por isso mesmo o turismo vinha sendo um grande motor de desenvolvimento para todas as nossas ilhas.

Passado este tempo, o aumento do número de dormidas na Região deixou de ser uma realidade generalizável a todas as ilhas e passou a ser a realidade só de algumas.

Os dados publicados sobre as dormidas em março nos Açores revelam que, quer na hotelaria tradicional, quer no alojamento local, deixamos de ter um crescimento harmónico por toda a região.

Enganam-se aqueles que acham que estes dados revelam uma dinâmica natural do turismo. Esta evolução negativa, mostra claramente que as atuais decisões políticas e a ausência de investimento nesta área estão, ao contrário do desejado, a deixar ilhas para trás.

 

(Crónica escrita para Rádio)