Sem a sapiência e grandiosidade de Mahatma Gandhi, que identificou os 7 pecados capitais responsáveis pelas injustiças sociais - riqueza sem trabalho, prazeres sem escrúpulos, conhecimento sem sabedoria, comércio sem moral, política sem idealismo, religião sem sacrifício e ciência sem humanismo, reduzo-me à minha muito mais modesta capacidade, pelo que apenas me irei debruçar sobre os 7 pecados capitais da senhora Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, numa versão resumida, pois em bom rigor, muitos mais se poderiam apontar.
Como nota preambular, importa ter presente que o atual executivo da CMPV, de coligação PSD/CDS-PP, ganhou democrática e legitimamente as últimas eleições autárquicas, pelo que as suas decisões e ações políticas são respeitáveis, legítimas e, certamente, tomadas com a melhor das intenções, num cenário difícil e muito desafiante.
No entanto, passado já mais de um ano e meio deste triste fado, que tem sido a atual gestão autárquica, torna-se premente, de forma clara, concreta e sem demagogias, evidenciar com exemplos reais e específicos, o que tem sido uma gestão amadora, sem visão e com evidentes danos, alguns possivelmente irreparáveis, para o futuro e para o ambicionado desenvolvimento da nossa Praia da Vitória.
Desta forma, permitam-me evidenciar, aquilo que considero terem sido os maiores e mais lesivos erros da senhora presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, autênticos pecados capitais, absolutamente imperdoáveis e injustificáveis:
1 - O agoniante e desesperante discurso negativista, onde a senhora presidente repete até à exaustão que "não há dinheiro, não há dinheiro!". Ora, sendo certo que a realidade financeira da edilidade praiense está longe de ser a ideal, não será menos verdade que este discurso visceral de negativismo, afasta investidores, desincentiva o associativismo e os empresários locais e mina, por completo, o efetivo desenvolvimento do nosso concelho.
2 - Auditoria e processo de reestruturação da CPC - Cooperativa Praia Cultural. Nesta matéria, nada obsta, à realização da fastidiosa auditoria e à opção da senhora presidente, embora seja questionável o porquê de se gastar mais de 80.000€, para uma "mão cheia de nada", para um parto de uma cadeia montanhosa, onde o fruto apenas foram pequenos roedores! Agora o que não é aceitável e politicamente sério é a forma como esta foi apresentada, uma tentativa encapotada de criar um lamaçal político e de denegrir a imagem das últimas gestões autárquicas, através de vários subterfúgios, como dados imprecisos, meias-verdades e ausência do direito ao contraditório, pelos visados, algo no mínimo lamentável e surreal, num Estado de direito-democrático.
No que concernente ao processo de reestruturação da CPC, está manifesta a completa impreparação do executivo e a falta de respeito atroz pelos colaboradores. Como é possível anunciar despedimentos, sem primeiro se identificar os serviços considerados imprescindíveis para a autarquia, o número exato de colaboradores e as condições em que os mesmos irão acontecer. Absolutamente inacreditável e condenável!
3 - Manifesta e confrangedora incapacidade por parte da senhora presidente da Câmara em conseguir criar uma efetiva parceria com o Governo Regional dos Açores, apesar deste eixo ter sido uma exacerbada e bem hasteada bandeira eleitoral. Não podemos aceitar que o GRA seja apenas um mero ator secundário e que deixe a Praia da Vitória entregue à sua sorte, num argumento cómico-trágico, onde o realizador se encontra perdido entre paradigmas e opacas coligações para manutenção do poder...
4 - Completo abandono do Terceira Tech Island, um projeto absolutamente estruturante para o desenvolvimento da nossa cidade, para a fixação de jovens, para a criação de emprego qualificado. Pasme-se: em mais de dois anos e meio de vigência do atual Governo Regional dos Açores e mais de um ano e meio do atual executivo camarário, foram sediadas no concelho da Praia da Vitória zero empresas! Parece anedota, mas infelizmente é a inexplicável, triste e crua realidade...
5 - Desnorte completo em relação ao PRR e PO 2030. Enquanto Angra do Heroísmo terá acesso a 68 milhões de euros de verbas do PRR, a Praia da Vitória arrisca-se a ter acesso a zero, a nada! Uma oportunidade histórica que poderá ser perdida, ou quando muito, clara e indesmentivelmente subaproveitada.
No que concerne ao PO 2030, urge questionar onde estão as candidaturas? Nesta altura muitas candidaturas já deveriam estar praticamente preparadas e concluídas, devidamente alicerçadas num projeto estrutural de desenvolvimento do concelho.
6 - Insensibilidade social gritante, por parte da senhora presidente da Câmara, ao anunciar no final do ano transato o aumento do IMI para a taxa máxima e o fim das isenções da derrama. Nem a bancada da coligação PSD/CDS-PP na Assembleia Municipal, que suporta politicamente o atual executivo camarário aceitou as justificações da senhora presidente, que sem qualquer pudor e sensibilidade se preparava para aumentar, ainda mais, o custo de vida dos praienses, das famílias, dos comerciantes...
Afinal existiam outras alternativas... e algumas muito bem guardadas!
7 - Desinvestimento completo na área social. Quando se esperava que a senhora presidente, assistente social de formação, fortalecesse e inovasse nesta área, assistimos exatamente ao contrário: rede municipal de creches e ATL gerida com serviços mínimos, para não usar uma linguagem mais abrasiva, mas certamente mais ajustada; abandono quase total do projeto "Reabilitação na Comunidade", distinguido com vários prémios a nível nacional; fim da intervenção precoce nas escolas e creches; abandono da intervenção nas áreas da psicomotricidade e psicologia para crianças e jovens; desinvestimento no apoio e animação aos centros de convívio de idosos...
Para além dos 7 pecados capitais acima enumerados, infelizmente existem muitas outras decisões e inações políticas, extremamente nefastas para a nossa Praia da Vitória, desde a incapacidade para atrair qualquer investimento e projeto estruturante; a inaptidão para fixar o espólio de Vitorino Nemésio na nossa cidade, na sua cidade; a ausência de diálogo com os empresários e comerciantes; o fim dos programas de apoio para a fixação de pessoas e empresas na Praia da Vitória; o desnorte ao nível da limpeza urbana e recolha de resíduos urbanos...
No entanto, é tempo de se olhar em frente, de se perceber que não se podem cometer erros amadores e se perder mais oportunidades.
É tempo de dar esperança aos praienses, de se substituir o negativismo enraizado pelo positivismo e pela crença num futuro melhor.
Para isso, senhora presidente, lutemos todos contra a tentação do pecado e apostemos acerrimamente nas virtudes humanas - humildade, generosidade, integridade, caridade, moderação, resiliência e plenitude...