Em outubro de 2023, o “Invest in Azores Summit” foi palco para o anúncio de uma nova era de captação de investimento externo para os Açores. A narrativa era clara: apresentar a região como um destino competitivo para investidores internacionais. Mais de um ano depois, a promessa de avanço ainda aguarda concretização.
O encerramento da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA), uma entidade que, durante quase uma década, ligou o mercado açoriano a investidores estrangeiros, é um exemplo revelador. Numa região ultraperiférica, onde os desafios logísticos, infraestruturais e geográficos exigem um apoio contínuo e especializado, a SDEA atuava como elo de desenvolvimento económico. Até agora, não há qualquer substituto à vista que assegure a continuidade desse trabalho.
A decisão de delegar a criação de um novo plano de atração de investimentos a uma consultoria externa, contratada pela Secretaria das Finanças em julho de 2023, poderia ser vista como um primeiro passo, mas os meses passaram sem resultados concretos. A única “inovação” apresentada foi a criação da “Rede Integrada de Apoio ao Empresário” (RIAE) — basicamente uma renomeação do antigo “Gabinete do Empreendedor”.
A nova legislatura trouxe ainda mais mudanças: a responsabilidade pela captação de investimentos foi transferida para a vice-presidência do governo, voltamos à casa da partida. Tivemos somente a iniciativa “AICEP na Estrada” da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, mas, em vez de promover a região a investidores internacionais, limitou-se a vender os seus serviços às empresas locais.
Ainda mais preocupante é a ação judicial movida pelo Banco Português de Fomento contra o Governo Regional. Este processo lança sérias dúvidas sobre a capacidade administrativa da região para gerir os compromissos necessários para o desenvolvimento económico, gerando dúvidas nos potenciais investidores.
É imperativo que o governo crie uma estrutura de apoio ao investimento clara e funcional, que priorize ações com resultados tangíveis, com objetivos claros e uma equipa capacitada para implementar um plano de ação consistente e transparente. Nos Açores, a janela de oportunidades continua a estreitar-se — sem uma visão estratégica robusta e comprometida, outros destinos mais organizados e proativos continuarão a captar o investimento que poderia impulsionar o futuro dos Açores.