Opinião

O turismo e a Graciosa

 

O turismo tem sido um dos pilares do desenvolvimento dos Açores nos últimos anos, como comprovam os números das dormidas e os diversos prémios obtidos devido à excelência do destino, em conjunto com o investimento nas unidades hoteleiras, alojamento local e turismo em espaço rural.

Mas a ilha Graciosa, também neste aspeto, tem ficado para trás, possivelmente pela descontinuação dos encaminhamentos dos passageiros aéreos não residentes e a implementação de serviços mínimos no transporte marítimo de passageiros e viaturas.

Esta ilha, quando fechados os números de 2023, foi a única ilha dos Açores que ainda não tinha superado o número das dormidas em 2019, o melhor ano de sempre (Gráfico 1).

Mesmo olhando para os números de 2022, só duas ilhas dos Açores não tinham ultrapassado os melhores números pré-pandemia: Santa Maria e Graciosa. Todas as outras já tinham melhorado em 2022 e reconfirmado em 2023.

Analisando os números dos primeiros cinco meses de 2024 (Gráfico 2), já publicados no Serviço Regional de Estatística (SREA), a Graciosa volta a perder. Neste caso, regista menos 28,6% de dormidas do que em igual período de 2019.

Ainda estamos à espera da prometida interline em alternativa aos encaminhamentos dos passageiros aéreos que foi anunciada em 2021.

Um alemão que queira vir de Frankfurt até Ponta Delgada paga, numa pesquisa aleatória na página da Sata feita hoje, 399 euros, ida e volta, e se quiser vir à Graciosa e regressar a Ponta Delgada tem de despender mais 172 euros, por isso não admira nada que optem por ficar por lá. Acabar com o aeroporto único dá disto e agora os mais pequenos que se amanhem.  

Por outro lado, continuamos a aguardar pelo estudo do transporte marítimo de passageiros que não aparece e, enquanto isto, vamos assistindo ao definhar deste serviço cada vez menos procurado. Em 2019 desembarcavam na Graciosa 4.959 passageiros marítimos e em 2023 foram apenas 2.204.

É certo que os proveitos da hotelaria aumentaram, o que é bom, mas aconteceu o mesmo com os custos o que nos faz concluir, olhando novamente os números do SREA, verifica-se que em 2023, em termos líquido, a hotelaria e restauração apurou menos do que em 2019, o que não deixa de ser uma preocupação (Gráfico 3).

Por isso, apesar de ser otimista e acreditar no potencial da minha ilha, acho que a este nível as coisas não estão bem, daí a necessidade de se fazer mais e melhor, caso contrário as diferenças vão aumentar ainda mais.